Cunha caiu. Falta agora derrubar o seu golpe
Com atraso, o Supremo Tribunal Federal decidiu agir em relação ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, na condição de presidente da Câmara, levou adiante um pedido de impeachment sem base legal; chamado de "delinquente" pelo procurador-geral Rodrigo Janot, Cunha instaurou o processo contra a presidente Dilma Rousseff por vingança, ao ter negados três votos contra a sua cassação no Conselho de Ética; esse mesmo Cunha que sabotava o governo Dilma com sua pauta-bomba, que provocou recessão e desemprego, negociava apoio e pedia cargos ao vice-presidente Michel Temer; a questão, agora, é: se um "delinquente" sequestrou o parlamento, o seu golpe ainda deve ser levado adiante?Um caso concreto é o do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que conseguiu se manter presidente da Câmara dos Deputados, mesmo depois de ser atingido por diversas denúncias de corrupção.
Beneficiário de diversas contas no exterior, em países como Suíça e Israel, ele foi apontado, em apenas uma denúncia, como beneficiário de R$ 52 milhões em propinas, pagas pela Carioca Engenharia.
A despeito de todas as evidências, Cunha conseguiu se manter à frente do Poder Legislativo e, nessa condição, aceitou um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, sem qualquer base legal – o que culminou na votação do último 17 de abril, o Dia da Infâmia.
Cunha aceitou o pedido contra Dilma por vingança, depois que o PT negou a ele três votos no Conselho de Ética. E com domínio sobre uma bancada extremamente fiel, que ele próprio ajudou a eleger, com doações de campanha, Cunha não só evitou sua cassação, como fez com que o impeachment de Dilma fosse aprovado.
Nesta manhã, depois de todo o estrago já feito, uma decisão liminar do ministro Teori Zavascki (leia mais aqui) fez com que Cunha perdesse não só a presidência da Câmara, como também o mandato de deputado federal.
Golpe ilegítimo
A questão, agora, é: se o golpe foi conduzido por um personagem qualificado como "delinquente" pelo procurador-geral Rodrigo Janot, ele ainda tem legitimidade?
Desde a posse da presidente Dilma em seu segundo mandato, Cunha sabotou sua administração com pautas-bomba e o veto a qualquer iniciativa. Agora, Cunha vinha já negociando espaços na administração Michel Temer e prometendo apoio total ao vice.
O correto, no entanto, seria não só derrubar Cunha, mas, sobretudo, o golpe parlamentar que ele levou adiante. Até porque, se pedaladas fiscais são motivos para afastar uma presidente, o próximo deveria ser o governador Geraldo Alckmin (leia mais aqui).
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