PP aumenta vantagem mas continua sem maioria. PSOE segura segundo lugar
Unidos Podemos: primeiro a bonança, depois a tempestade
Na
imagem, da esquerda para a direita, líder da Esquerda Unida, Alberto
Garzón, líder do Podemos, Pablo Iglesias, número 2 do Podemos, Íñigo
Errejón
| EPA/ZIPI
Militantes do Podemos desiludidos pelo facto de a coligação com a Esquerda Unida não ter ultrapassado o PSOE
"Vitória!
Vitória! Vitória!" Os primeiros gritos de alegria entre os dirigentes
do Unidos Podemos começaram às 20.00 (mais uma hora do que em Lisboa).
As televisões publicavam as sondagens à boca das urnas e davam o segundo
lugar à candidatura conjunta do Podemos e Esquerda Unida (IU),
ultrapassando os socialistas. A noite começava bem para eles mas ainda
havia muitas horas pela frente e optou-se por ter precaução. "Temos de
ser prudentes", afirmou o líder de IU, Alberto Garzón, o primeiro da
coligação a falar aos jornalistas. "Acreditamos que estamos perante uma
oportunidade histórica para o país. Distingue-se um bloco conservador de
um bloco progressista que até poderia ter a maioria absoluta. Se se
confirmar, vamos ter um governo progressista liderado por Unidos
Podemos", acrescentou Garzón.
A direção
dos dois partidos da coligação juntou-se ontem no Teatro Goya de Madrid
para acompanhar a noite eleitoral, o mesmo lugar onde o Podemos esteve
na noite do 20 de dezembro. Militantes e simpatizantes reuniram-se de
novo na Praça Rainha Sofia. Pablo Iglesias foi o primeiro dos candidatos
a primeiro-ministro a chegar ao ponto de encontro para estar perto do
resto dos colegas do partido. Foi pouco depois das 18.00, com camisa
branca, gravata azul e um grande sorriso. Tudo estava pronto para uma
noite muito especial para o seu jovem partido. Garzón juntou-se duas
horas depois numa sala onde se reuniram 500 pessoas, entre militantes e
convidados, 50 deles estrangeiros. Numa outra sala reservada para a
imprensa, concentraram-se 500 profissionais representantes de 150 meios.
Com
a contagem oficial dos votos a noite teve uma viragem inesperada para a
coligação. Os números reais vieram afastar esse cenário cor-de-rosa
para a coligação Unidos Podemos, passando a ser a terceira força
política, atrás do PSOE de Pedro Sánchez. Na sala VIP deixou de se ouvir
gritos de alegria. Um cenário oposto ao vivido seis meses antes. Na
noite de 20 de dezembro a gritaria foi tal que os jornalistas de
televisão e rádio dificilmente conseguiam realizar os seus diretos.
Desta vez houve caras sérias, atentas ao ecrã gigante instalado na sala,
à espera dos pequenos movimentos de quem avançava com o resultado da
contagem dos votos.
"Não são bons
resultados nem os que estávamos a espera", afirmou o número 2 do Podemos
aos jornalistas. As caras dos convidados confirmavam as palavras de
Íñigo Errejón. "Prefiro esperar até ao fim antes de comentar", explicou
um jovem militante ao DN, "mas só de olhar para nós podes imaginar o que
sentimos", acrescentou. Na Praça Rainha Sofia o ambiente era
semelhante. "Estão todos sentados, quando ganhamos um deputado as
pessoas levantam-se e quando o perdemos sentam-se", relatou um dirigente
do Podemos Madrid ao DN. "Às 20.00 isto era uma festa, agora as coisas
mudaram bastante."
Os minutos passaram e
a desolação aumentou. "O que é isto? Não se pode jogar assim com as
pessoas", desabafou um simpatizante incrédulo com o resultado. "Não
sabemos o que aconteceu. Estamos abalados", explicou ao DN Chano del
Río, do Podemos. "A baixa participação sempre nos afeta mais a nós do
que ao resto, ainda estamos a assimilar esta derrota", lamentou-se.
Reconhece que todos estavam convencidos de que iam superar em votos o
PSOE. E agora? "Imagino que vamos ter um governo concentrado de
direita", sublinhou. E o Podemos? "Temos de refletir", acrescenta.
Os
eleitores do Podemos não estavam acostumados a uma noite eleitoral tão
dura. Nem o seu líder Pablo Iglesias, que falou aos jornalistas junto
com a sua equipa da direção, todos de rosto sério. "Os resultados
eleitorais não são satisfatórios para nós, tínhamos expectativas
diferentes", admitiu.
Esta
segunda-feira será dia de análise dos resultados. Confirmada "a
derrota", a direção do Unidos Podemos foi até à Praça Rainha Sofia para
abraçar os militantes. Houve festa mas a noite não trouxe a alegria
esperada.
Em Madrid
copiado http://www.dn.pt/mundo/
Nenhum comentário:
Postar um comentário