Ao assistir à inquisição de Dilma no Senado, o cronista digital teve uma nova alucinação e revisitou o baú de lembranças do seu tempo de repórter político. Mais uma vez, surgiu diante dele a memória de Leonel Brizola, e o cronista arrancou do velho trabalhista gaúcho o que ele pensa do martírio e da paixão da presidente em sua crucificação no tribunal do Senado.


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Brizola volta a falar do calvário de Dilma e do impeachment

Ao assistir à inquisição de Dilma no Senado, o cronista digital teve uma nova alucinação e revisitou o baú de lembranças do seu tempo de repórter político. Mais uma vez, surgiu diante dele a memória de Leonel Brizola, e o cronista arrancou do velho trabalhista gaúcho o que ele pensa do martírio e da paixão da presidente em sua crucificação no tribunal do Senado.
Governador, o senhor ainda acredita na possibilidade de absolvição da Dilma?
Veja, Morfeu.
É Marceu, governador.
Tu me desculpes. Tu sabes desta minha confusão renitente com teu nome. Mas veja, Alceu. A rigor, se isto ocorrer, será uma imensa surpresa. Realmente, uma imensa surpresa. Um velho ditado no Sul diz que não se apeia do cavalo enquanto o fim da estrada não chega. Mas o fim da estrada está próximo, independentemente do desfecho que tiver. Eu te digo isso com um sentimento de desgosto muito grande! Muito grande, realmente. Estes senadores de gravatas modernas, não é verdade?, esses que aí estão a julgar a presidente, eles, sim, vão merecer um julgamento. Um julgamento exemplar e ainda mais severo que este que impõem agora à presidente legitimamente eleita. Será o julgamento da História! A História, tu sabes, é cruel em seus julgamentos. Eu mesmo tenho aqui as minhas dificuldades em explicar certas situações em que estive.
Que situações, governador?
A rigor, poucas, bem poucas. Mas sei que ainda hoje me julgam, compreende?
Por exemplo…
Julgam o velho Brizola pelo seu papel no episódio do impeachment do presidente Collor, por exemplo.
O senhor apoiou Collor naquele momento de crise. Sente-se arrependido?
Isto é uma grande inverdade, tu me permitas dizer. Chego a duvidar, sinceramente, que tu penses assim. Tu, que acompanhaste uma boa parte da nossa trajetória, que estavas ali tão próximo, a nos entrevistar naquele período, tu sabes que não foi o que ocorreu. As diferenças entre mim e o Collor eram conhecidas. Já não sei de ti, mas qualquer guri daquele tempo, qualquer piá, francamente, sabia da minha profunda discordância em relação ao presidente Collor. De modo que, se há um arrependimento neste coração que já parou de bater, mas segue vivo aqui no meu peito, se há um arrependimento é o de eu não ter me posicionado com mais clareza sobre estes fatos naquela época para desfazer certos mal entendidos. Nada mais.
Se não era apoio, o que era?
Deixe-me concluir, Ateneu. Calma lá que te darei a tua resposta. Em nome da governabilidade, eu, como governador do Rio de Janeiro, do que muito me orgulho, aliás, procurei o presidente Collor e propus a construção de Cieps federais e a adoção de algumas das nossas ideias. Sobretudo, na área da educação. Ele nos atendeu com os Ciacs, não é verdade? Creio que o presidente se contaminou ali, criou ali um certo encantamento em relação a algumas das nossas ideias, e se construiu um clima amistoso entre nós. Ele foi sempre muito cortês conosco. E nós retribuíamos o trato pessoal. E foi só.
Mas o senhor não participou dos atos pelo impeachment dele nem se posicionou.
Veja, Nereu. Eu sempre disse que caberia ao Congresso e ao Supremo Tribunal julgar os crimes de que acusavam o Collor. Eu não fui a reboque do PT, um ramal auxiliar do PT, que queria a carnificina, o julgamento sumário, a crucificação imediata. Eu estava ali, de camarote, entendes? Tu sabes das minhas convicções e das minhas imensas diferenças também com o PT. Francamente, até me surpreende que tu queiras seguir por esta vereda agora nesta nossa conversa e neste momento tão grave do nosso país.
Qual a diferença daquele processo de impeachment pra este de agora?
Permita que eu te diga. Veja. Tu mesmo, agora, estás aí a trabalhar para a Rede Globo. Andei sabendo, nas minhas resenhas, dos teus novos voos, com este Adné…
Adnet, governador, Adnê.
Tu me perdoes a maneira desabrida. Longe de mim querer te desagradar ou te constranger. Longe de mim! Mas este Adné, que, na verdade, me parece um fanfarrão, te pôs pra trabalhar no império Globo. Por isso, sinto teus questionamentos contaminados.
Governador, trabalho atualmente pra um programa de humor, como roteirista. E perguntei apenas sobre as diferenças entre o processo de impeachment da Dilma e o do Collor.
Eu te peço desculpas. As minhas mais sinceras desculpas. Mas é como vejo. A grande diferença é que não há crime agora. O que fez a dona Dilma?! Com todo o respeito aos sábios da lei, a rigor, ela não fez nada. Não há nada! Esta é a verdade. Dilma não roubou, não acobertou corruptos, não se apequenou diante dos… como te dizer… diante dos chimangos. Dilma não se beneficiou de um alfinete do palácio! Um alfinete! A rigor, Dilma, uma jovem que vimos nascer na política lá no Rio Grande, não fez nada. Nada. Já Collor tinha lá as intercorrências dele, não é verdade? Tu sabes. Collor ficava naquela motoca d’água dele (jet ski), ali nos lagos de Brasília, exibindo seus dotes atléticos, enquanto no porão do palácio havia quem fizesse coisas que se dizia que faziam em nome dele, tu sabes bem. Não sou eu quem está dizendo! Não sou eu, Leonel, quem diz. Diziam que faziam. Diziam até que o tesoureiro pagava as contas pessoais dele! Mas veja. Diziam. Não sou eu que afirmo. E o que fez a dona Dilma? A rigor, nada! Dona Dilma é inocente e está pagando por crimes que não cometeu. Com toda convicção, não cometeu.
O senhor diria que ela paga pelos erros do PT?
Tu agora tocaste num ponto, creia, que tem andado aqui nas minhas reflexões. Daqui de onde estou agora, tenho uma visão mais ampla do que ocorre e descontaminada das coisas da política. O Lula, na sua autossuficiência, abandonou a Dilma em certo momento. Não há como negar. Não quero julgá-lo. Mas, francamente, foi o que se deu. Falam aí de um apartamento, de um pedalzinho da dona Marisa… Olha…
Pedalinho…
Isto. Perdão. Pedalinho. Olha… tisc… isto é uma bobagem. Uma bobagem! Veja o que nossas elites e estes aí que a representam já fizeram em sua grande tunga no atacado! Veja, Marcel. A rigor, o grande assalto… o grande assalto, não é verdade?… o grande assalto é o que fazem agora, com esta gestão para tirar de uma presidente legitimamente eleita o seu mandato conferido pelo povo. Mas veja, eu sei, cá comigo, que muitos lá no PT cometeram seus excessos, se embriagaram com o poder, gostaram daqueles tapetes felpudos, compreende? Nutriram maus sentimentos e fizeram coisas impróprias a quem deve ter o cuidado com a coisa pública. De modo que a Dilma paga, sim, pelos erros dos seus pares. Mas são erros pequenos se comparados a tudo isso que volta a se instalar no país com o Temer. Eu venho de longe! Estes pés trazem calos que seguem comigo. Conheço esta gente. Este Temer chegou ao poder mais perdido do que cusco quando cai de caminhão de mudança e fica ali, francamente, abanando o rabo para as elites financeiras, ungido pela grande imprensa e abençoado pelo baronato da comunicação.
O que será do Brasil com Temer?
A rigor, um desastre! Um desastre! Ouso te dizer que este governo do Temer não se sustentará e também ele sofrerá o impeachment! Se não no Congresso, nas ruas, pela força do nosso povo. Escreva o que te digo. Este Temer representa uma casta. Uma casta! Uma casta que andou aí apartada, apeada do poder, e que cresceu o seu olho gordo, aquele olhão gordo das elites, não é verdade?, e de tudo fez para tomar a cadeira da presidente. Eles, Temer e todos esses a seu redor, que voltaram a sentir o gostinho do poder agora, que se lambuzam com o melado do poder, compreende?, eles precisam se desgastar ainda mais até serem jogados de uma vez no lixo. E é pra lá que eles vão, pro lixo! Podes escrever!
O senhor acredita que a presidente também é vítima de misoginia?
Tu não tenhas dúvida de que sim. Vejo até mais que um ato misógino. Vejo nisto tudo a doença social, tu podes crer, a doença de quem não tolera o ingresso de mulheres, negros e de outras minorias no ambiente predominado por homens brancos filhotes da elite, ou à elite rendidos. Aliás, me permitas concluir, nem são minoria! Nem são minoria! As mulheres e os negros são a maioria do povo brasileiro! Os números do IBGE e da Justiça Eleitoral estão aí a comprovar o que vos digo.
O senhor fala agora especificamente do Ministério montado pelo Temer?
Sim! Francamente, não é possível nem chamar aquilo de Ministério! Aquilo lá é um museu, um cemitério de zumbis ressuscitados. Não há um negro!!! Uma mulher!!! Quem ali defende uma minoria?! Uma única minoria?! Nenhum daqueles senhores! A única minoria presente neste governo provisório e ilegítimo é a sua própria, a daquela pequena elite que quer continuar sugando o melhor leite da vaca, enquanto deixa ao nosso povão apenas o perdigoto. Eles nos veem como abostados, podes crer, como se a grande massa trabalhadora, composta por negros e mulheres, fosse se contentar em comer as cascas das suas bergamotas e a viver chineleada, levando surra de relho.
O senhor acompanhou o discurso da Dilma no Senado?
Sim. Daqui, tudo vejo e tudo escuto. Com grande tristeza e uma dó imensa daquela mulher, acompanhei sua fala e sua inquisição. Vi que, ali, na plateia, estava até aquele filho do professor Sérgio, por quem sempre tive o maior apreço, apesar do seu engajamento ao PT e não a nós na nossa volta do exílio.
O Chico Buarque, filho de Sérgio Buarque de Hollanda.
Sim, ele, o menino lá. Achei um gesto de grandeza a presença dele ali. Eu, se aí ainda estivesse, lá estaria. Eu e o pai desse menino já mantivemos aqui algumas lábias afetuosas e preocupadas com o que ocorre por aí.
O senhor tem acompanhado a campanha das eleições municipais?
Tenho e te digo que recebi com enorme desapontamento a notícia de que o nosso partido, o PDT, se aliou a este Paes e a seu candidato Paulo Pedro.
Pedro Paulo, governador.
Pedro Paulo. E mais te digo: ainda mais desapontado fiquei ao saber que a dona Cidinha Campos, logo a nossa Cidinha, a quem tanto prezei enquanto estive aí, na luta política, logo ela aceitou ser a vice deste filhote do filhote do Cesar Maia. Francamente! Mas disto eu te pediria para abordarmos em outra hora.
Que cenário o senhor vê pro Brasil?
O cenário imediato eu vejo como trágico. A rigor, uma tragédia. Com este Temer, veja bem, francamente, não há saída que não seja a da porteira da fazenda. Mas creia que, quando olho o futuro, daqui de onde estou, eu, Leonel, mantenho a esperança. No meu último quarto de hora da vida, eu vi o início de uma era que culminou com a eleição do Lula em 2002. Eu me fui daí em 2004. Tu sabes que nunca morri de amores pelo Lula, nem ele por mim. Relevei muitas agressões e espetadas dele. Mas reconheci e ainda reconheço nele, no governo dele, e adiante no governo da dona Dilma, com toda a humildade, com toda a humildade, compreendes?, reconheço nesse conjunto de governos o avanço de que o Brasil precisava.
O senhor ainda se ressente de não ter chegado lá? Acha que, se fosse o senhor lá, em vez do Lula, o Brasil estaria melhor e nada disso teria ocorrido?
Veja. Estas conjecturas eu deixei no passado. Não deu para ser conosco. Nós estávamos desgastados e enfrentávamos a grande resistência disseminada e impetrada pelas elites. Este lombo aqui levou muitas chibatadas das elites e até mesmo do PT. Tu sabes o que a Globo fazia comigo sob o silêncio do PT. Trago aqui as marcas daquelas chibatas. Mas… tisc… o rio, depois que passa com a força de suas águas, leva as folhas mortas e o lodo que se instalam em suas margens. A chuva lava a poeira das telhas. De modo que me sinto livre de ressentimentos e mantenho a esperança na retomada do caminho das esquerdas unidas pelo bem do Brasil, não mais comigo, Perseu.
É Marceu, governador.
Tisc… tu me perdoes uma vez mais! Meus agradecimentos, Narceu.
mario bros

Sabe o Mário?

A imagem do primeiro-ministro japonês fantasiado de Mario Bros na cerimônia de encerramento dos Jogos do Rio pareceu servir como um despertador gigante pra acordar a gente do sonho da cidade perfeita.
Tudo estava tão bonito, tão lúdico, tão VLT sem fila, tão amor correspondido, até que surgiu aquele personagem descombinado pra misturar política onde só deveria haver arte e avisar: “Ei, meninas, ei, meninos, acabou.”
A vida também é assim. Chega um momento em que um Mario Bros qualquer aparece e diz que a festa acabou – e aí as visitas vão embora e a gente precisa limpar a casa e lavar a louça e retomar as coisas. É assim também quando vínculos que pareciam eternos se desfazem, e uma nova ordem se instala e nos obriga a reinventar o caminho.
Chega o instante em que a existência de alguém querido se esvai num sopro, por exemplo – e a necessidade de seguir em frente não consola nem conforta, mas, de certo modo, redime e impulsiona. Ou aquela hora em que o amor se desintegra como escultura de areia na mão, e só resta recomeçar.
O Mario Bros da cerimônia no Maracanã, se pecou na falta de gosto, serviu ao menos pra isso. Pra nos lembrar do dia seguinte.
É hora de lavar a roupa largada há dias na cesta, de encomendar a moldura pra foto tirada com o Usain Bolt e de pensar no almoço de amanhã e planejar a janta de logo mais e mandar plastificar o autógrafo da Simone Biles.
É hora de aquele voluntário guardar protegido no seu baú de relíquias o prendedorzinho de cabelo tão cheio de significados que talvez a holandesinha Sanne Wevers, medalha de ouro na trave, tenha deixado cair no chão.
Hora de consertar o telhado desfeito pela ventania de ontem e reparar os danos causados por aquela outra tempestade que soprou há mais tempo e teimou em desorganizar os passos e rearrumar os sonhos e acordar pesadelos e refazer o futuro sem decifrar o passado.
Hora de o Flamengo voltar a jogar no Maracanã, de o Botafogo reaver o Engenhão e de experimentar a possibilidade de trancar no pensamento tanta lembrança e limpar os armários e trocar as fotos da cortiça. Hora de conhecer mais gente e sobreviver e amanhecer e anoitecer e dormir e acordar e fazer tudo diferente amanhã e depois de amanhã e depois também e depois e depois.
Hora de sentir saudade da glória breve e eterna de heróis de todos e de si próprios, como a Rafaela Silva e o Thiago Braz, ou o Robson Conceição e o Izaquias Queiroz. Hora de deixar curtir na memória a generosidade do Michael Phelps ao fazer do Rio o cenário da despedida dele das piscinas, e pensar mais uma vez na vergonha que é a Baía de Guanabara imunda.
É hora de esquecer quem já foi embora da festa faz tempo, embora ainda acreditássemos que não, que só era um rosto desfocado no salão cheio e voltaria pra nos convidar a mais uma dança. Dia de esquecer quem nos esqueceu e preferiu retomar seu passado pra fazer dele a opção do seu futuro.
Hora de perdoar mentiras, dissimulações, traições furtivas que já não contam, cobranças falsas, promessas sem sentido, juras sem lastro. Pôr fora o dominó que não coube, relevar as peças pregadas pelas doenças do amor.
Hora de aproveitar os novos presentes dados pela vida e encerrar o luto do vazio deixado pelas coisas que ela, a vida, caprichosa, trouxe e levou embora em seguida. De dar de ombros pra quem pôs as aspirações do outro no lixo com um simples gesto desatinado e desvairado.
Hora de pensar de novo em nós mesmos, nativos desta cidade, agora sentados sozinhos no banquinho do Boulevard Olímpico já sem a pira acesa e sem cobertura ao vivo de TV. Sem policiamento diligente e sem a multidão em volta.
Lá se foi o sorriso da moça estrangeira bonita, que, ainda há pouco, estava bem ali, ao alcance dos meus olhos pidões.
A boa lembrança é sempre um legado deixado ao recomeço, a qualquer recomeço – e o aumento do número de cariocas no mundo talvez seja a maior herança lúdica dos Jogos do Rio. Bolt foi embora carioca. Simone Biles partiu carioca. Phelps levou o Rio no coração e deixou um pedaço do dele aqui.
É a melhor maneira de as pessoas partirem das nossas vidas – quando levam no coração um pouco do nosso coração, ao mesmo tempo em que deixam batendo no peito da gente um pouco do pulsar do peito delas.
O carioca nunca teve complexo de vira-lata. Isso é uma invenção boboca em que muitos já acreditamos. O Rio nunca teve este sentimento – e nunca teve porque é grande, e este pensamento, pequeno. Desde Estácio de Sá, o Rio nunca se sentiu assim. Desde que os portugueses expulsaram os franceses em 1567 com a ajuda dos nossos irmãos índios, o Rio jamais teve este complexo.
Esta cidade é maior e mais bonita que o Eduardo Paes de chapéu eleitoral na festa do Maracanã. Maior que a mentira do Ryan Lochte e de sua trupe de nadadores arruaceiros. Passou, deixa pra lá.
O Rio é mais intenso e mais merecedor de felicidade que o tamanho da pena imposta a Dilma, exilada da festa feita com dinheiro federal após ser condenada pelo erro cometido por seus iguais de partido num julgamento no qual, goste-se ou não dela, o crime analisado nem era este.
É maior que a vaia provável e merecida que o Temer levaria de novo se ali aparecesse.
O Rio é amoroso e cruel, injusto e democrático, plural e único, verdadeiro e de cinema com seus espigões dispostos no tabuleiro urbano entre o mar e a favela – e deste jeito continuará sendo. Esta talvez seja a única cidade do mundo que sorri envaidecida apenas por lembrar que ela é ela.
Assim somos. Assim seremos sempre.
Sabe o Mário?
copiado https://marceuvieira.wordpress.com/

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