Europa
Tsipras não põe gravata socialista. "Separados estaremos mais frágeis"
António
Costa sublinhou esforço que tem de ser feito "em conjunto".
Primeiro-ministro grego esteve em encontro de líderes socialistas como
observador
No encontro de líderes
socialistas europeus, que ontem teve lugar em Paris, para discutir o
futuro da Europa, Alexis Tsipras não pôs a gravata socialista - afinal
só ali estava na qualidade de observador. Como de costume, o
primeiro-ministro grego vestiu um casaco mas deixou em casa o habitual
acessório masculino que se usa na política (todos os outros homens - e
só havia uma mulher no grupo - usavam gravata).
À
chegada ao palácio de La Celle Saint-Cloud, nos arredores da capital
francesa, Tsipras saiu do carro e estendeu a mão a François Hollande e a
Manuel Valls, convidado que foi para o encontro de chefes de Estado e
de governo socialistas - acolhido pelo Presidente e primeiro-ministro
franceses - mas não há no horizonte nenhuma vontade de integrar o Syriza
na família socialista europeia. Apenas a vontade de ter uma voz dos
"partidos progressistas" que governam na Europa.
Os
socialistas gregos do PASOK (apeados do poder e com uma votação de 6,3%
nas eleições de 2015) deram o seu aval a mais esta participação do
primeiro-ministro do seu país, que se junta aos socialistas, apesar de,
no Parlamento Europeu, o Syriza (que teve 35,5% dos votos) estar numa
família política diferente, o Partido das Esquerdas Europeias - onde
está integrado o Bloco de Esquerda.
Os
partidos socialistas e sociais-democratas formam o Grupo de Socialistas e
Democratas no Parlamento Europeu, uma designação recente para incluir
outros partidos ditos progressistas de esquerda.
O
objetivo imediato do encontro de ontem foi preparar a Cimeira de
Bratislava, que terá lugar a 16 de setembro. Na capital eslovaca, os
líderes da União Europeia vão discutir as consequências da saída do
Reino Unido e o futuro que se coloca aos 27 países-membro.
Sem
se referir diretamente à presença de Alexis Tsipras, o
primeiro-ministro português sublinhou a importância deste encontro.
"Separados estaremos todos mais frágeis para responder do que estando
juntos. Nem sempre é fácil estar juntos, todos sabemos isso, mas
separados ficará cada um de nós certamente em piores condições de
responder à ameaça terrorista, à necessidade de uma gestão solidária do
fluxo de refugiados, ao esforço que em conjunto temos de fazer para
pacificar os vários conflitos que existem nas fronteiras da Europa",
explicou António Costa, citado pela agência Lusa.
É
esta necessidade que ajuda a explicar a presença de Tsipras no
encontro, admitiu Marisa Matias, eurodeputada do BE ao DN. "É importante
ter o maior número de vozes possível" a discutir a atual situação
europeia, defendeu.
Notando que, nos
últimos anos, "a situação da Grécia tem sido muito complicada e muito
difícil - até pelas opções tomadas pelo governo grego - no quadro
europeu", Marisa Matias sublinhou que Tsipras "escolheu estabelecer
pontes e relações institucionais com os partidos socialistas", mais
próximos do Syriza "do ponto de vista ideológico e dos princípios".
"Para não ficar isolado, uma vez que não existem outros governos das
Esquerdas Europeias", completou a bloquista.
Atenas
será palco também de outro encontro, antes da Cimeira de Bratislava,
que reunirá a 9 de setembro os líderes dos países do sul da União
Europeia, entre eles Portugal - mas também o presidente do Governo
espanhol em exercício de funções, Mariano Rajoy, que pertence à família
política de direita, o Partido Popular Europeu.
António
Costa antecipou ontem em Paris que os cidadãos europeus querem "que a
Europa seja capaz de retomar nas suas mãos o seu próprio destino em
matéria de segurança, em matéria de desenvolvimento económico, em
matéria de garantia do modelo social". Para o primeiro-ministro, a
Europa tem de ser "capaz de responder aos grandes desafios da economia
de hoje".
O presidente dos
parlamentares socialistas e democratas europeus, Gianni Pittella,
falaria na mesma linha. "Depois do brexit, não podemos limitar-nos a
mudanças cosméticas. Temos de preparar o caminho para reformas futuras.
Precisamos de um novo pacto para a Europa."
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