Peña Nieto e Trump: falaram do muro mas não de quem o pagará
Candidato republicano à Casa Branca, que insultou os mexicanos na campanha, aceitou convite do presidente do México.
Peña Nieto e Trump: falaram do muro mas não de quem o pagará
Candidato republicano à Casa Branca, que insultou os mexicanos na campanha, aceitou convite do presidente do México.
Entre
um comício na Califórnia e um aguardado discurso sobre imigração no
Arizona, Donald Trump foi esta quarta-feira à Cidade do México a convite
do presidente Enrique Peña Nieto. Um "encontro de desesperados",
segundo o ex-chefe do Estado mexicano Vicente Calderón, uma vez que se o
candidato republicano às presidenciais americanas de 8 de novembro
continua atrás da rival democrata Hillary Clinton nas sondagens e Peña
Nieto está envolvido em escândalos de conflito de interesse.
Chegado
à Cidade do México no seu avião privado, Trump viajou até ao palácio
presidencial de helicóptero, evitando o trânsito da capital mexicana e
eventuais protestos. Após o encontro, Peña Nieto numa conferência de
imprensa em que o candidato republicano garantiu que "os mexicanos são
pessoas espetaculares e trabalhadoras". Quanto ao muro que promete
construir na fronteira, o milionário disse que discutiram sobre ele.
Sobre quem o vai pagar, "falaremos mais tarde". Peña Nieto admitiu que o
Acordo de Comércio Livre entre EUA, México e Canadá (o NAFTA) pode ser
melhorado, como Trump sugere.
O
encontro privado entre os dois homens foi anunciado na terça-feira por
Peña Nieto no Twitter. "Convidei os candidatos às presidenciais dos EUA
para conversar sobre a relação bilateral. Amanhã recebo Donald Trump",
escreveu o presidente mexicano, antes de acrescentar: "Acredito no
diálogo para promover os interesses do México no mundo e,
principalmente, para proteger os mexicanos onde quer que estejam". Trump
usou a rede social para dizer que aceitara o convite.
O
candidato republicano - que chamou "violadores e traficantes" aos
mexicanos - promete ainda expulsar dos EUA os ilegais que já tenham sido
condenados por crimes (inicialmente prometera expulsar os 11 milhões,
mas acabou por reformular). Estas declarações do magnata levaram Peña
Nieto a compará-lo a Mussolini e a Hitler. Trump também ameaçou, se
chegar à Casa Branca, congelar as remessas dos imigrantes mexicanos para
o seu país, usando esses fundos para pagar o muro na fronteira. O
republicano culpa os mexicanos pela perda de empregos, com muitas
empresas a instalarem-se a sul da fronteira para aproveitar a
mão-de-obra barata.
A ida ao México é
vista como uma manobra ousada de Trump. Mas a verdade é que tornará mais
difícil para Peña Nieto criticá-lo no futuro, além de lhe dar, segundo a
BBC, uma certa "aura de estadista". Quanto à decisão do presidente
mexicano de convidar o "inimigo gringo", segundo Andrew Selee, perito em
México do Centro Woodrow Wilson ouvido pelo New York Times, revela "pragmatismo" ao manter aberto o diálogo com alguém que pode ser o próximo presidente dos EUA.
No
México, o ex-presidente Vicente Fox, garantiu que Peña Nieto cometeu
"um grande erro" ao convidar o republicano. A mulher de Calderón e
candidata às presidenciais de 2018, Margarita Zavala exclamou: "Sr.
Trump, saiba que não é bem-vindo. Nós mexicanos temos dignidade e
repudiamos o seu discurso do ódio".
COPIADO http://www.dn.pt/mundo/interior/pena-nieto-e-trump-falaram-do-muro-mas-nao-de-quem-o-pagara-5366177.html
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