Brasil
Dilma e Temer já estão a pensar nas cenas dos próximos capítulos
Campo
da presidente afastada prepara recurso para o Supremo Tribunal. Aliados
do presidente interino depositam esperanças na condenação em tribunal
de Lula da Silva, forte candidato às eleições de 2018
Se
fosse um jogo de futebol, o julgamento final de Dilma Rousseff, do
Partido dos Trabalhadores (PT), no Senado Federal, teria chegado ontem
ao fim dos 90 minutos, com as alegações finais da acusação e da defesa e
os discursos da maioria dos senadores pela madrugada adentro. Por falta
de tempo, só hoje, durante uma espécie de tempo de compensação, será
efetuada a votação - eletrónica, aberta e nominal - que ditará o
resultado. Mas tanto o campo de Dilma como o de Michel Temer, do Partido
do Movimento da Democracia Brasileira (PMDB), já pensam no
prolongamento, no desempate por penáltis e nas desforras.
Dilma
anunciou na segunda-feira, com todas as letras, que prepara recurso no
Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja, como tudo leva a crer,
destituída na votação. "Não recorri ainda ao Supremo porque não esgotei
ainda esta instância, vim aqui porque respeito esta instituição, mas se o
Senado der esse passo estará pactuando com o golpe", disse a presidente
afastada, após pergunta do senador do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), Aloysio Ferreira Nunes.
O
recurso, que ainda está a ser estudado pela defesa de Dilma, liderada
pelo seu advogado José Eduardo Cardoso (PT), equaciona argumentar
"ausência de justa causa" para o processo e de "falta de condições dos
senadores" para agirem como juízes, uma vez que divulgaram
antecipadamente o seu voto, situação que não é comum em julgamentos. No
entanto, em recursos anteriores apresentados pela defesa ao STF ao longo
do processo, os juízes da mais alta instância do país vêm infligindo
derrotas consecutivas a Dilma Rousseff.
Para
o lado de Temer, que calculava ontem a meio da tarde ter assegurados 61
votos, mais sete do que os necessários para derrubar a presidente
afastada e confirmar a subida do presidente em exercício à chefia
efetiva do estado, a preocupação a curto prazo é com a tomada de posse.
Temer deseja fazê-la já hoje para poder partir legitimado para a reunião
do G20 em Pequim. A médio e longo prazo, a preocupação é outra: após a
perda de mandato de Dilma e sua consequente inelegibilidade por oito
anos, ainda há Lula da Silva como obstáculo eleitoral em 2018.
Assim,
o PMDB e o PSDB acreditam que o ex-presidente possa acabar detido no
contexto da Operação Lava-Jato ou de outra das ações que correm contra
si na justiça. À frente da maioria das sondagens, Lula é a esperança do
PT para regressar ao poder mas também os barões petistas já falam
reservadamente numa tentativa de "caçada final" contra o partido, de
acordo com coluna de bastidores do jornal Folha de S. Paulo. Lembram
prognóstico feito por José Dirceu, braço-direito e sucessor natural de
Lula condenado no Mensalão, quando afirmou que depois dele a oposição só
descansaria quando derrubasse Dilma e o ex-metalúrgico.
Ainda
sobre o futuro, afirmam os colaboradores mais próximos de Dilma que ela
deve continuar no país mais alguns meses apesar de ter recebido
convites para estudar nos Estados Unidos e em França - talvez em 2017
aceite, disse a presidente afastada que terá 30 dias para deixar o
Palácio do Alvorada e regressar a Porto Alegre, onde reside.
Em São Paulo
COPIADO http://www.dn.pt/mundo/interior/
Nenhum comentário:
Postar um comentário