‘É um golpe’, diz vice-procuradora da República sobre impeachment
Número dois de Rodrigo Janot, que participou de protesto anti-Temer, diz a VEJA que não gosta de ver o peemedebista como presidente do Brasil
access_time
30 ago 2016, 13h00 - Atualizado em 30 ago 2016, 15h58
LEIA MAIS
Vice de Janot participa de ato ‘contra o golpe’ e anti-Temer
Recentemente, foi o marido de Ela Wiecko, Manoel Lauro Volkmer de Castilho, quem protagonizou outra polêmica. Ele era um dos principais assessores do ministro Teori Zavascki, relator dos processos do petrolão no Supremo Tribunal Federal, e acabou obrigado a pedir demissão após a descoberta de que assinara um manifesto em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A VEJA, Ela Wiecko disse que não está satisfeita com a chegada de Michel Temer à Presidência da República. E, cometendo uma inconfidência, ela explica um dos motivos de sua resistência ao peemedebista: o fato de ele estar entre os alvos das delações premiadas em tramitação na Procuradoria-Geral da República. “Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Acho que não foi da melhor forma possível. E pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está. Eu não sei todas as coisas a respeito das delações, mas eu sei que tem delação contra ele”. A seguir, a entrevista.
Em um vídeo a senhora aparece numa manifestação que chama o processo de impeachment de golpe. O que a senhora pode dizer a respeito?
Eu estava de férias, em um curso como estudante. É isso.
Há quem considere que é difícil dissociar a posição de vice-procuradora geral da República de uma situação como essa.
Eu não posso falar nada? Não posso ter nenhuma liberdade de manifestação? (Isso) é um pouco exagerado, né? E eu fui discreta, eu estava junto (dos manifestantes), não tive nenhum protagonismo maior. Eu estava de férias. (Isso) é um patrulhamento que impede a pessoa de ser o que ela é, de pensar.
A senhora partilha da opinião de que o processo de impeachment é um golpe?
Eu acho que, do ponto de vista político, é um golpe, é um golpe benfeito, dentro daquelas regras. Isso a gente vê todo dia, é parte da política.
Seria, então, um golpe com participação da Suprema Corte e da própria Procuradoria-Geral da República, da qual a senhora faz parte?
Aí tem que ser uma conversa muito mais comprida.
Mas a senhora vê irregularidades no processo?
Você está me perguntando como procuradora da República ou como cidadã? Eu posso falar até claramente, mas não vou falar por telefone.
A senhora se arrepende de ter participado do ato?
Não, não me arrependo.
Havia outras autoridades ali?
Não. Eu estava ali como estudante, de férias. É um curso de verão, de sociologia jurídica, com o professor Boaventura. Tinha gente de outros países também.
A ideia de fazer a manifestação surgiu na sala de aula?
Eu não fui a organizadora.
Como a senhora recebe a repercussão dessa situação? Isso a constrange dentro do Ministério Público?
Tem muita gente que pensa como eu dentro da instituição. Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Acho que não foi da melhor forma possível. E pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está. Eu não sei todas as coisas a respeito das delações, mas eu sei que tem delação contra ele. Então, não quero. Mas as coisas estão indo.
O que a senhora pensa do Temer exatamente?
Eu vou cortar a conversa aqui. Se quiser conversar comigo, tem que conversar olho no olho. Não vou ficar falando por telefone.
A senhora pode nos receber?
Vou ver como está minha agenda, porque estou com muitos compromissos. Agora mesmo estou indo para uma sessão no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Não sei a que horas vai terminar.
"Eu acho que, do ponto de vista político, é um golpe, é um golpe bem feito, dentro daquelas regras", opinou. "Isso a gente vê todo dia, é parte da política", acrescentou. Questionada se era então um golpe com a participação do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República, da qual ela faz parte, respondeu: "Aí tem que ser uma conversa muito mais comprida".
"Tem muita gente que pensa como eu dentro da instituição", disse ainda Ela Wiecko. "Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Acho que não foi da melhor forma possível", comentou.
Sobre Michel Temer, a número 2 de Rodrigo Janot declarou: "Pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está. Eu não sei todas as coisas a respeito das delações, mas eu sei que tem delação contra ele. Então, não quero. Mas as coisas estão indo".
A respeito do protesto a favor de Dilma, disse não se arrepender de ter participado. "Eu estava de férias, em um curso como estudante. É isso", disse. Questionado sobre a dificuldade em se separar a cidadão de sua atividade na PGR, se irritou: "Eu não posso falar nada? Não posso ter nenhuma liberdade de manifestação? (Isso) é um pouco exagerado, né?"
COPIADO http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/
Nenhum comentário:
Postar um comentário