REPERCUSSÃO Impeachment não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira Ausência de medidas econômicas mantém incertezas.

REPERCUSSÃO
Impeachment não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira
Ausência de medidas econômicas mantém incertezas.
BBC31/08/2016 08h54 - Atualizado em 31/08/2016 09h40

Impeachment de Dilma não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira

Ausência de medidas econômicas efetivas sob Temer e desencanto da população com política mantêm incertezas sobre país, destacam publicações.

Da BBC

Dilma durante sessão de julgamento do impeachment (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Dilma durante sessão de julgamento do impeachment, na segunda-feira (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
No dia em que o Senado deverá aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, jornais no exterior destacam que o afastamento definitivo da presidente está longe de resolver os problemas do país.
Para o jornal americano The Washington Post, o longo processo de impeachment, que se estende por nove meses, pode servir apenas para "alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político".
A publicação afirma que o processo desorganizou a esquerda no país - como exemplo disso, cita a baixa adesão aos protestos pró-Dilma em Brasília nesta semana e a postura "desapaixonada" de congressistas do PT em defesa da presidente afastada.
O jornal aponta que o presidente interino, Michel Temer, se revelou tão impopular quanto Dilma - segundo pesquisa Ibope de julho, apenas 13% dos brasileiros consideravam o governo bom ou ótimo.
Protesto pró-impeachment em Brasília (à esquerda) e ato em defesa do governo em São Paulo (à direita): longo processo pode alienar ainda mais brasileiros da polítca, destaca publicação (Foto: Leo Correa/AP e Andre Penner/AP)Protesto pró-impeachment em Brasília (à esquerda) e ato em defesa do governo em São Paulo (à direita): longo processo pode alienar ainda mais brasileiros da polítca, destaca publicação (Foto: Leo Correa/AP e Andre Penner/AP)
Diz ainda que o atual processo expôs fraquezas no sistema político do país, em que o presidente depende de acordos com "inúmeros partidos sem ideologia clara", em arranjos que "incentivam a corrupção".
Para a publicação americana, um "vácuo de poder" está se abrindo na política nacional - e sendo preenchido por siglas menores de esquerda e candidatos evangélicos.
Incerteza na economia
Em texto sobre as perspectivas econômicas do país, o Wall Street Journal afirma que "investidores podem estar dando muito crédito a políticos do país e desconsiderando os problemas".
O diário lembra que o real se apreciou mais de 8% ante o dólar - é a moeda que mais se valorizou no mundo neste ano - e o Ibovespa avançou 9,9% desde o afastamento provisório de Dilma em maio, mas desde então Temer "fez muito pouco" para enfrentar o rombo nas contas públicas do país.
Investidores entusiasmados com Brasil pós-Dilma podem estar minimizando problemas, afirma Wall Street Journal (Foto: Reprodução)Investidores entusiasmados com Brasil pós-Dilma podem estar minimizando problemas, afirma Wall Street Journal (Foto: Reprodução)
Afirma que propostas neste sentido - como uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos públicos - provavelmente não passarão no Congresso, enquanto as "primeiras ações" de Temer no cargo vão em sentido oposto: carência a Estados endividados com a União e "aumentos para servidores públicos muito bem pagos".
"É difícil imaginar uma medida pior", disse ao jornal Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no governo Luiz Inácio Lula da Silva e diretor-presidente do centro de ensino e pesquisa Insper.
Em texto de opinião na revista Fortune, João Augusto de Castro Neves, diretor de América Latina da consultoria Eurasia Group, diz que o impeachment não irá solucionar "meses de turbulência política e econômica".
O consultor descreve a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político.
O impeachment irá solucionar meses de crise aguda no país? Para consultor brasileiro ouvido por revista, a "resposta curta é não" (Foto: Reprodução)O impeachment irá solucionar meses de crise aguda no país? Para consultor brasileiro ouvido por revista, a "resposta curta é não" (Foto: Reprodução)
Ele afirma que os dois principais desafios de uma eventual gestão Temer serão reordenar as finanças e recuperar a confiança de investidores, em meio à "sombra" da Operação Lava Jato. "Com poucos fundos públicos à disposição, Temer terá que recorrer ao setor privado para elevar investimentos e estimular uma recuperação econômica."
'Buraco negro'
O Clarín, da Argentina, destaca um artigo do editor de política internacional do jornal, Marcelo Cantelmi, para quem o Brasil caminha para um "buraco negro" ao "contornar as eleições".
O jornalista diz considerar que Dilma reagiu tardiamente à queda na economia e que o Congresso barrou medidas de austeridade que ela tentou implementar em 2015, e afirma que "todos são culpados" pela situação atual.
"Aqui são todos culpados. Mas o erro institucional de ter tirado Rousseff à força deste modo e o precedente inquietante de fragilidade democrática que derrama sobre a região têm um só agravante. O de não ter aprofundado o caminho para convocar eleições antecipadas, que elegeriam um governo eleito para pilotar uma tempestade que não terminartá amanhã e se agravará inevitavelmente", conclui.
copiado  http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/i

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