2016 vai chegando ao fim e digo: não vai ter golpe; vai ter luta!
access_time
23 dez 2016, 16h37
2016 vai chegando ao fim e digo: não vai ter golpe; vai ter luta!
Quem me acompanha sabe que não faço questão de andar na contramão, mas também não tenho nenhum receio de enfrentar vagas majoritárias
access_time
23 dez 2016, 16h37
- Atualizado em 23 dez 2016, 17h43
Minhas caras, meus caros,
Nesta sexta, o blog entra em ritmo de
fim/começo de ano, quando tiro uns dias de folga. Assim será pela 11ª
vez, desde 2006. Voltamos ao ritmo normal no dia 16 de janeiro. Mas,
como é verdade quase sempre, não cumpro a minha promessa e acabo
aparecendo por aqui. Assim, sempre que acessarem a VEJA.com, verifiquem
se há alguma novidade nesta página — para a qual chamarei atenção também
no Facebook e no Twitter.
Este parece mesmo ter sido o mais longo
dos anos. É como se ele insistisse em não acabar para que possamos todos
relaxar por alguns instantes, com aquela sensação agradável do dever
cumprido. Como quem encontra a sombra fresca de uma árvore depois de
caminhar ao sol; como quem se livra do sapato apertado; como quem, em
companhia da pessoa amada, encontra um pouco de “descanso na loucura”,
como escreveu Guimarães Rosa.
A realidade política brasileira, eivada
de ladrões, rouba-nos frequentemente de nós mesmos, de nossos afetos,
das coisas que nos são caras, da nossa rotina familiar, da nossa
história privada, de nossas lendas pessoais, de nossos amigos — e,
convenham, é nesses retratos interiores que a vida de fato vale a pena.
Não há conquista que possa compensar a falta desse regaço, desse
aconchego, desse carinho desarmado.
Quem atua também na Internet, como atuo,
conhece todos os relevos do ódio, da inveja, do ressentimento, da
vigarice intelectual, do oportunismo, da canalhice, da traição. Mas
também é recompensado pelo reconhecimento, pelo incentivo dos justos,
pelo apoio dos esclarecidos, pela coragem dos prudentes.
Este não é o último post de 2016, não.
Ainda voltarei aqui antes que o ano expire. Mas faço esta pausa para
agradecer, mais um vez, a atenção e a colaboração dos leitores. Este
blog, como sabem, se multiplicou: na prática, está no jornal, na rádio,
na televisão, em páginas nas redes sociais. É claro que há nisso o meu
esforço pessoal. Mas não é menos verdade que são vocês a força que
sustenta em múltiplas plataformas um pensamento nem sempre muito fácil.
Quem me acompanha nestes mais de 10 anos —
ou bem antes, em outros veículos — sabe que não faço questão de andar
na contramão, mas também não tenho nenhum receio de enfrentar vagas
majoritárias. Os 13 anos de petismo me prepararam para enfrentar o jogo
pesado. A rigor, os companheiros provocam minha vocação analítica desde
antes, desde Santo André. Nesse tempo, criei termos como “petralha” e
“esquerdopata” para designar os tarados do autoritarismo em seus 50 tons
de vermelho.
As ruas, a Constituição e o Congresso
derrubaram o PT. Nem por isso, tudo aquilo que se opõe ao partido me
serve. Nem por isso, todos os inimigos do petismo são meus amigos. Nem
por isso todos os meios para combatê-lo são válidos. Eu sou aquele que
ousou rever Maquiavel. Para mim, os fins não justificam os meios. A
minha frase é outra: os meios qualificam os fins.
Se conheci, e conheço ainda, todos os
relevos do ataque vil em razão das críticas que fiz e faço ao petismo,
não posso aqui testemunhar a suavidade dos que se tornaram fanáticos na
Lava Jato. Porque esta faz, inegavelmente, um trabalho meritório e
fundamental para o país, é evidente que não pode se colocar acima da
lei. A melhor maneira de preservar a operação é aplaudir os seus acertos
e apontar os seus erros, como queria Santo Agostinho: “Prefiro os que
me criticam porque me corrigem aos que me elogiam porque me corrompem”.
Isso não quer dizer que toda crítica é corretiva ou que todo elogio é
corruptor. Agostinho só estava chamando atenção para o fato de que ambos
têm de ser ponderados.
Durante anos, o petismo gozou de uma
espécie de imunidade junto a vários setores formadores de opinião,
inclusive a imprensa, de que esta VEJA é uma das poucas exceções. Isso
fez um mal imenso ao Brasil. Não chegamos à pior crise de nossa história
por acaso. Sabem o que à grande maioria faltou acima de tudo? Coragem
para divergir, descortino para enfrentar a manada, clareza para resistir
à quase-unanimidade. E, sem pretensão, eu enfrentei.
E não temi arrostar agora com outros
gigantes. Paguei um preço relativamente alto antes que o debate voltasse
a seu leito. Mas, felizmente, voltou. Hoje já é consenso que a liminar
de Marco Aurélio, que procurou tirar Renan Calheiros da Presidência do
Senado, era ilegal e seria derrubada, como disse aqui em primeira mão.
Hoje, já está claro que há uma diferença entre o político Renan e o
cargo institucional que ele ocupa.
Hoje, já é quase um consenso que tanto
extrema esquerda como extrema direita atuam para desestabilizar o
presidente Michel Temer. A primeira porque especula com a
institucionalidade; a segunda porque especula no mercado.
Raramente me senti tão bem fazendo esta
página como neste 2016. Das jornadas em favor do impeachment às lutas de
agora, sempre o mesmo norte: a defesa da ordem democrática, do Estado
de Direito, do devido processo legal.
E assim será enquanto existir.
Tenham um ótimo Natal e um 2017 de luta!
Aliás, como é mesmo que eles diziam? “Não vai ter golpe, vai ter luta!”.
Agora adotei esse lema!
copiado http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/2
Nenhum comentário:
Postar um comentário