Sob boatos de esvaziamento, Lava Jato avança contra partido do governo
38ª fase, deflagrada nesta quinta, 23, tem
como alvos dois operadores do PMDB, Jorge Luz e Bruno Luz; segundo
delatores, eles pagaram propinas em contratos da Petrobrás e citaram
Renan Calheiros como beneficiado
Ricardo Brandt, Julia
Affonso, Fausto Macedo e Mateus Coutinho
23 Fevereiro 2017 | 09h41
O juiz federal Sérgio Moro, dos processos em primeira instância da Lava Jato em Curitiba, decretou a prisão dos lobistas, que são suspeitos de terem ligação com o senador Renan Calheiros (PMNDB-AL).
Os dois são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, em contratos na Diretoria Internacional da Petrobrás, que era cota do PMDB no esquema de fatiamento dos postos chave da estatal entre partidos da base de governo – que incluía ainda PT e PP.
As ordens de prisão expedidas pela 13ª. Vara Federal de Curitiba consideram ainda supostos pagamentos de propinas em negócios das diretorias de Serviço (cota do PT) e Abastecimento (cota do PP), na Petrobrás.
Com auxílio de autoridades internacionais e com base nos depoimentos de delatores da Lava Jato, que apontaram o envolvimento dos lobistas no esquema de corrupção na Petrobrás, a força-tarefa chegou à contas secretas na Suíça e nas Bahamas, abertas em nome de offshores, usadas para pagamentos de propinas, em especial em contratos da área Internacional.
Dois deles são da compra e operação dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000. O negócio já é alvo de processos na Justiça Federal contra o ex-diretor de Internacional da estatal Jorge Zelada e contra o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Jorge e Bruno Luz também teria envolvimento em corrupção referente à venda, pela Petrobrás, da Transener para a empresa Eletroengenharia, informou o Ministério Público Federal. Há ainda negócios sob investigação na área de Abastecimento: contrato de aluguel do terminal de tancagem para a Trafigura e de fornecimento de asfalto com a empresa Sargent Marine. E na área de Serviços: por contratos de construção de plataformas para exploração de petróleo nos campos do pré-sal, para a Petrobrás, via empresa Sete Brasil.
Renan. A Lava Jato já prendeu dois operadores apontados como ligados ao esquema do PMDB, na corrupção descoberta na Petrobrás: Fernando Soares Falcão, o Fernando Baiano, e João Henriques.
Jorge e Bruno Luz são considerados dois dois mais antigos lobistas da Petrobrás. Eles moram no Rio, onde estão sendo cumpridas as ordens da Operação Blackout.
Em delação premiada, o ex-diretor de Internacional da estatal Nestor Cerveró revelou que os operadores são responsáveis pelo repasse de US$ 6 milhões em propinas que tinham como destinatária o ex-presidente do Senado Renan Calheiros.
Em abril do ano passado, ao ser ouvido em processo, ele confirmou a Moro a infirmação.
“(Jorge Luz) foi o operador que pagou os US$ 6 milhões da propina da sonda Petrobrás 10.000, foi o encarregado de pagar ao senador Renan Calheiros”, disse o delator ao ser questionado pela defesa de Salim Schahin sobre a atuação de Jorge Luz em relação às propinas recebidas por Cerveró. A propina teria sido repassada na época da contratação do navio-sonda, em 2006. Os irmãos Schahin são também delatores da Lava Jato.
Fernando Baiano confirmou a ligação de Jorge Luz com propinas ao senador e outros peemedebistas.
Renan tem foro privilegiado, por ser senador, e não é alvo da Operação Blackout. As apurações da Lava Jato contra o peemedebistas correm no Supremo Tribunal Federal (STF).
No ano passado, Calheiros negou, por meio de assessoria de imprensa, as “as imputações”. Renan “reafirma que já prestou as declarações necessárias, mas está à disposição para quaisquer novos esclarecimentos”.
Na decisão em que mandou prender Jorge e Bruno Luz, Moro destacou que cinco contas secretas usadas por eles já foram identificadas, “sendo quatro comprovadamente utilizadas para repasses de propinas”.
Segundo o juiz, a família Luz tem “atuação criminal profissional”.
copiado http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/sob
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