Acusação contribui para acelerar impeachment Falar em eleição agora afeta a agenda econômica

Acusação contribui para acelerar impeachment


 Quarta-feira, 03/08/2016, às 23:21,

A advogada Janaína Paschoal, que representa a acusação no processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, deve apresentar seu parecer em 24 horas, abrindo mão de mais 24 horas. Assim, ela contribuirá para acelerar o julgamento da presidente afastada um desejo dos atuais ocupantes do Palácio do Planalto. Confirmado este calendário, o julgamento de Dilma pode ser concluído ainda em agosto.

Segundo a legislação, a acusação dispõe de 48 horas, e a defesa de mais 48 horas para apresentar os seus pontos de vista no processo. Depois disso, é aberto prazo de dez dias para o presidente do Supremo Tribunal Federal marcar o início do julgamento. Fazendo as contas dos prazos necessários, se confirmada amanhã a pronúncia com a aprovação do parecer do senador Antonio Anastasia nesta quinta-feira, o julgamento de Dilma poderá começar no dia 25 de agosto, uma quinta-feira.

Estas 24 horas fazem diferença para o Planalto: sem a redução do prazo da defesa, o julgamento poderia começar no dia 26, uma sexta-feira. Daí, Ricardo Lewandowisk deixaria para começar na segunda-feira, dia 29. Como a expectativa é que se arraste por quatro ou cinco dias, o julgamento iria atravessar o mês de agosto e ser concluído apenas no começo de setembro. Este é o desejo dos contrários à cassação do mandato de Dilma Rousseff pois, além de prazo maior, impediriam uma viagem de Michel Temer à China, marcada para a partir do dia 30 de agosto, já como presidente da República efetivo.

O ministro Ricardo Lewandowisk estará nesta quinta-feira no Senado para explicar aos senadores os prazos estabelecidos pela legislação para um processo de julgamento de presidente da República. No STF, o que se diz é que tudo deve ser concluído pelo menos até 14 de setembro, data em que tomará posse no comando do Judiciário a nova presidente, ministra Carmen Lúcia.

Falar em eleição agora afeta a agenda econômica

Rodrigo Maia (DEM-RJ) sabia muito bem que estava antecipando os fatos e que isso poderia prejudicar o governo, mas acabou falando o que muitos pensam, mas não se arriscam a falar: que Michel Temer, se tiver um bom desempenho neste período de dois anos e meio de mandato (contando, desde já, que o impeachment de Dilma é fato consumado) será um forte candidato à presidência em 2018.

No mundo econômico tinha muita gente de dedos cruzados, torcendo para que ninguém tivesse a ideia que teve Rodrigo Maia a de lançar a candidatura de Temer para 2018. Isso porque, todos sabem, se o presidente em exercício aparece como candidato futuro, a vida política dele no presente fica muito mais difícil.

Temer pré-candidato terá muito mais dificuldade para aprovar matérias econômicas no Congresso desde o teto de gastos até a polêmica e impopular reforma da Previdência Social. Por isso mesmo ele tratou de divulgar nota neste domingo para dizer que se sente honrado com a lembrança de seu nome, mas não será candidato em 2018.

É também verdade que Temer diz de forma assertiva que não será candidato em 2018 apenas seguindo o manual, pelo qual nenhum candidato de governo deve antecipar sua candidatura. É sempre o último a assumir a condição de candidato.

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso era o ministro da Fazenda, na expectativa da implementação do real nos meses seguintes, e negou por muito tempo sua candidatura. Até que um dia um tucano declarou que iria tirá-lo de lá a força. E ele mandou essa: "estou preso na cadeira com pregos"... No prazo limite, se desincompatibilizou, entrou na campanha e o final da história todos sabem ele foi eleito e reeleito.

Não se pode dizer que Rodrigo Maia fez uma barbeiragem na declaração ao jornal O Estado de S. Paulo quando disse que, se houver melhora na aprovação do governo, Temer será o candidato da base às eleições de 2018. Até porque ele próprio disse que Temer não iria gostar do que estava falando. Rodrigo Maia apenas revelou publicamente a estratégia dos principais assessores de Temer que é levá-lo a disputar um mandato inteiro.

Mas essa estratégia só dará certo se a economia der bons resultados. Aí, entra outro porém: se a economia se recuperar de forma satisfatória, Temer terá um adversário e tanto, que agora está a seu lado. É o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Meirelles não faz o tipo daquele que admite que, se a economia der errado, a culpa será dele; e, se der certo, o mérito seria de Temer. Nada disso. Ele vai dizer com todas as letras que é ele e não Temer o pai da criança.
copiado  http://g1.globo.com/politica/blog/cristiana-lobo/

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