"Do que precisamos, neste momento, é da coragem coletiva para
passar das palavras a atos concretos, caso contrário as palavras soarão
ocas", lê-se numa declaração comum assinada pelo vice-presidente Frans
Timmermans, pela alta representante para a política externa, Federica
Mogherini, e pelo comissário para as Migrações, Dimitris Avramopoulos.
"A migração não é um tópico popular ou agradável. É fácil chorar em
frente da televisão quando assistimos a estas tragédias. É mais difícil
levantar-se e assumir responsabilidades", acrescentam.
Esta declaração é divulgada um dia depois de mais um naufrágio no
Mediterrâneo, em que uma embarcação com cerca de 600 pessoas a bordo se
virou ao largo da costa da Líbia. Quatrocentas pessoas foram salvas, 25
retiradas do mar já mortas e perto de duas dezenas estão desaparecidas.
Horas antes do naufrágio, o presidente da Comissão Europeia,
Jean-Claude Juncker, tinha voltado a criticar a passividade dos
Estados-membros da União Europeia (UE), instando-os a agir e admitindo
recuperar os planos para um acolhimento obrigatório de cerca de 40.000
migrantes e refugiados.
"Os ministros, ao contrário dos cidadãos, têm a obrigação de agir.
Fizemos uma proposta que ia longe, apesar de modesta face à escala do
problema. (...) Os Estados-membros não nos seguiram (...). Se não
chegarmos lá numa base voluntária, teremos de reconsiderar a proposta da
Comissão", disse Juncker numa entrevista à agência France Presse.
Na declaração conjunta de hoje, os três representantes da Comissão
sublinham que a UE tem trabalhado intensamente para prevenir as
tragédias no mar e evocam a estratégia proposta em maio e que começa
agora a ser aplicada.
"Triplicámos os recursos dedicados ao salvamento e resgate no mar, o
que permitiu resgatar mais de 50.000 pessoas desde 01 de junho",
afirmam.
Segundo números da Organização Internacional das Migrações (OIM),
entre janeiro e agosto de 2015 cerca de 188.000 pessoas chegaram às
costas europeias através do Mediterrâneo, a maioria das quais à Grécia
(97.000) e a Itália (90.000). No mesmo período, segundo a organização,
mais de 2.000 pessoas morreram na travessia.
"Não há uma resposta simples, nem única, para os desafios que a
migração coloca. Nem nenhum Estado membro pode resolver eficazmente a
migração sozinho. É claro que precisamos de uma abordagem nova, mais
europeia", afirmam Timmermans, Mogherini e Avramopoulos.
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