EXCLUSIVO: Afilhado de Temer no Porto de Santos foi pego pela Receita; PGR poupou padrinho. A volta do “Amigo da madrugada”: EBC renovará contrato com Adelzon Alves

EXCLUSIVO: Afilhado de Temer no Porto de Santos foi pego pela Receita; PGR poupou padrinho. Por Marcelo Auler

Postado em 02 Aug 2016
Ele
Esta é a uma nova reportagem da série sobre o envolvimento de Michel Temer nos escândalos do Porto de Santos e do Aeroporto de Guarulhos. É resultado da nova campanha de crowdfunding do DCM, com a qual você pode contribuir aqui. Outras matérias virão. 

Marcelo de Azeredo, presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo entre junho de 1995 e maio de 1998 por indicação de Michel Temer, foi autuado pela Receita Federal em R$ 926.427,63.
Ele não conseguiu comprovar a origem de recursos movimentado em suas contas bancárias. Em 1999, por exemplo, não soube explicar 133 depósitos em suas contas. Com isso, teve o chamado Acréscimo Patrimonial a Descoberto.
De acordo com sua ex-companheira Erika Santos, em ação na 2ª Vara de Família de São Paulo ajuizada em 2000, foi fruto da propina por ele recebida e dividida com o seu padrinho político, Temer, então presidente da Câmara dos Deputados.
Pelo relato dela, Temer recebeu 50% do arrecadado. O dobro do que seu companheiro punha no bolso, pois outros 25% iam para um tal de Lima.
Lima, segundo o site Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim, é, possivelmente, João Baptista Lima Filho, possível sócio de Temer.
A conclusão da Receita no caso de Marcelo, conferindo veracidade ao que Erika denunciou, não aconteceu com Temer, nem com Lima. Como o DCM mostrou em reportagem anterior desta série, as tentativas de investigar o então presidente da Câmara por duas vezes esbarraram na Procuradoria Geral da República.
Em 2001 foi Geraldo Brindeiro, conhecido como “Engavetador da República”, quem impediu. Dez anos depois, foi Roberto Gurgel, que à frente da PGR alegou não haver indícios que justificassem a investigação.
Nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso, Temer era o responsável pelas nomeações no Porto de Santos, como confirmam ex-diretores da CODESP, sindicalistas e políticos, inclusive do PMDB.
Curiosamente, no mesmo ano de 1998 em que a Receita autuou Marcelo em R$ 344.118,75, pagos sem ele reclamar, Temer adquiriu sua mansão no bairro paulistano do Alto de Pinheiros, como descreveu a revista Brasileiros. Na contabilidade apresentada por Erika em juízo, o padrinho político do seu ex-companheiro recebeu, na época, pelo menos R$ 2.726.750,00.
A denúncia de Erika também foi confirmada no caso da irmã de Marcelo. Carla de Azeredo foi autuada pelo Fisco em R$ 100.123,32, por ter em seu nome um Porsche, modelo Carrera, ano 1997, placa CMP 0019 (SP) sem comprovar ao Fisco rendimentos lícitos que permitissem a sua aquisição.
Tanto esse Porsche como uma Mercedes Benz, em nome do pai dos dois, Ronaldo Pinto de Azeredo, segundo denunciou a ex-companheira de Marcelo, foram adquiridos com os mesmos recursos da propina paga por empresas que operavam no Porto de Santos. Para não chamar atenção, Marcelo colocou-os no nome dos parentes, o que a Receita confirmou.
As autuações da Receita – às quais o Diário do Centro do Mundo e o Blog Marcelo Auler tiveram acesso – indicam que Erika não mentiu ao falar que “o ‘grosso’ dos recursos obtidos pelo requerido (Marcelo) vinham de ‘caixinhas’ e ‘propinas’ recebidos em razão de seu posto como Presidente da CODESP”.
No mesmo documento, ela acrescentou: “Estas ‘caixinhas’ ou ‘propinas’ eram negociadas com os vencedores das licitações ou com concessionários  e, repartidas entre o requerido, seu padrinho político, o Deputado Federal Michel Temer, hoje Presidente da Câmara dos Deputados e um tal de Lima”.
A fiscalização da Receita Federal em torno do patrimônio de Marcelo e de sua irmã Carla foi solicitada pelo Ministério Público Federal de Santos (SP).
Mas o inquérito por crime de sonegação contra Marcelo e Carla começou tramitando na 4ª Vara Federal Criminal de São Paulo, depois redistribuído à 6ª Vara Federal da capital. Como houve pagamento da dívida à Receita em uma autuação, o inquérito foi arquivado em abril de 2011, como manda a legislação.

Quando a denúncia de Erika surgiu, ainda no governo FHC, uma cópia foi remetida ao então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. Este considerou que não havia indícios contra o então presidente da Câmara e arquivou o processo em 2001.
Sete anos depois, o delegado federal Cássio Nogueira e a procuradora da República em Santos, Juliana Mendes Daun, perceberam que as denúncias na Vara de Família tinham fundo de verdade.
O próprio Nogueira confessou que “consulta à Receita Federal confirmou que Azeredo apresentava um padrão de vida nada compatível com seus ganhos oficiais. Entre eles o Porsche, modelo Carrera, ano 1997, placa CMP 0019”. O mesmo automóvel pelo qual Carla acabou autuada.
Depois que Temer deixou sem respostas três convites para falar ao delegado na condição de testemunha, Nogueira não viu outra saída e sugeriu que o caso fosse remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) em busca de autorização para uma investigação mais ampla, inclusive em relação ao presidente da Câmara, que tinha direito a foro especial.
A proposta foi prontamente acatada pela procuradora Juliana e o inquérito remetido ao STF. Só foi registrado ali em 28 de fevereiro de 2011. Caiu na relatoria do ministro Marco Aurélio Mello.
Àquela altura, Temer já era o 24° vice-presidente do país no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Novamente, a Procuradoria Geral da República, desta feita por decisão de Roberto Gurgel, optou pelo arquivamento.
Com isso, até hoje Temer não teve seu patrimônio investigado pela Receita, apesar do considerável crescimento ao longo do tempo, como demonstrou a Brasileiros.
Em 1998, ao ser eleito deputado – antes ele foi por duas vezes suplente – contabilizava bens que totalizavam R$ 2.971.177. Depois registrou uma perda patrimonial, pois em 2006 declarou que eles somavam R$ 2.293.646. Em 2010, subiu para R$ 6.052.779 e atingiu R$ 7.521.799 em 2014.
Antes de ser político, Michel Temer foi um constitucionalista respeitável e teve carreira na Procuradoria do Estado de São Paulo. O patrimônio declarado a cada campanha é subestimado. Diz a revista:
A casa que Temer possui na zona oeste de São Paulo, de 415 metros quadrados, foi comprada em 1998 por R$ 722.977,41 e ainda é declarada por esse valor. Na Prefeitura de São Paulo seu valor venal é calculado em R$ 2.875.109. O valor de mercado do imóvel costuma ser de 20% a 40% maior que o valor venal, usado pela prefeitura para calcular o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Temer tinha ainda dois conjuntos comerciais, de 196 metros quadrados cada um, num edifício no Itaim-Bibi. O valor venal de cada imóvel é de R$ 1.024.802. Os dois, contudo, são declarados à Justiça Eleitoral por seu valor de aquisição: R$ 190 mil”.
Também Marcelo atuava desde 1987 como servidor público, sempre por indicação do padrinho político Michel Temer, como destacou Erika. Coincidência ou não, no ano de 1998, quando Temer adquiriu sua mansão no Alto de Pinheiros, ele foi autuado por sonegação de imposto de renda em R$ 344.118,75.
Valor que, como narrou o juiz Luiz Renato Pacheco Chaves de Oliveira, então substituto na 4ª Vara Federal de São Paulo, foi pago parceladamente, sem reclamação.
No exercício seguinte, quando deixou a CODESP no mês de junho e abriu a SHODOC Consultoria e Empreendimentos Ltda., com a qual pretendia – segundo explicou Erika – alugar equipamentos para os terminais do porto, a Receita o autuou em R$ 582.308,88. No mesmo exercício de 1999, a irmã, Carla, foi multada em R$ 100.123,32.
Carla foi pega pelo fisco por ter em seu nome o Porsche que, como Erika denunciou na ação na Vara de família, foi comprado por Marcelo e colocado em nome dela. O mesmo ocorreu com um Mercedez Benz, que estava em nome do seu pai, Ronaldo Pinto de Azeredo. Ele conseguiu passar pela fiscalização, mas ela, mesmo recorrendo ao CARF e alegando que o Porsche foi permutado com o Mercedes Benz pelo pai e que apenas emprestou o nome, não se viu livre da multa.
Marcelo teve um pouco mais de sorte. Não conseguiu, como queria, que o CARF anulasse a decisão da Receita. Alegou cerceamento de defesa. Como relatou o conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto que foi acatado por unanimidade pelos membros da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara do CARF, o ex-presidente da CODESP conseguiu explicar apenas 27 de 160 depósitos encontrados em suas contas bancárias pelos auditores.
Ele reduziu o valor da autuação da Receita ao provar que um depósito não declarado de R$ 127,4 mil era proveniente do lucro de uma nova empresa. Como o sigilo predomina nos casos envolvendo o Fisco, não se sabe ao certo o valor final da autuação após o desconto desse depósito não explicado.
Hoje, Marcelo, como mostra a certidão da Receita aqui reproduzida, ainda é considerado em débito com a Receita.
A grande dúvida é o que aconteceria se a Procuradoria Geral da República investigasse Michel Temer. Ele sofreria uma autuação por patrimônio a descoberto, como aconteceu com o cupincha?

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).Clique aqui e assine nosso canal no youtube
Marcelo Auler
Sobre o Autor
Jornalista e escritor com passagem por virtualmente todos os órgãos de comunicação do Brasil. Autor do blog http://www.marceloauler.com.br/sobre-mim/
copiado   http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

A volta do “Amigo da madrugada”: EBC renovará contrato com Adelzon Alves

Marcelo Auler

Reeditado às 14H30 a partir da nota enviada pela EBC 

Email da Comunicação Social da EBC anunciando a volta do "Amigo da madrugada"
Email da Comunicação Social da EBC anunciando a volta do “Amigo da madrugada”
Depois de diversos blogs – Marceu Vieira, Tijolaço, Jornal GGN – terem criticado a retirada do ar do programa “O Amigo da Madrugada”, de Adelzon Alves, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) decidiu renovar o contrato com o radialista que há 55 anos domina as madrugadas do Rio.
          Em nota oficial distribuída por e-mail, às 13H24, a comunicação social da empresa informou que “o contrato com o produtor musical e apresentador Adelzon Alves está em processo de renovação”.
Segundo a nota, a “expectativa é de que o Programa “Adelzon Alves, O Amigo da Madrugada” volte a ser exibido na próxima semana”. A nota admite ainda que contratos de outros programas também estão em processo de renovação.
A nota não explica porque a renovação não foi automática, como sempre ocorreu no caso de Adelzon Alves. Provavelmente por a atual diretoria ainda manter alguns nomes levados por Laerte Rimoli. Ao assumir, em maio passado, após o golpe do impeachment, o governo interino tentou destituir Ricardo Melo que tinha acabado de ser nomeado por Dilma Roussfeff para a presidência da Empresa. Como a lei que criou a EBC lhe garantia um mandato de dois anos, Melo recorreu ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu reassumir sua função.
Na diretoria, porém, permanecem alguns nomes levados por Rimoli em sua meteórica passagem pela empresa. É ela que esta fazendo a revisão dos contratos. Certamente a repercussão negativa a partir da primeira notícia do caso divulgada por Marceu Vieira levou os diretores a apressarem esta avaliação. Poderia aproveitar para remunerar condignamente Adelzon pela bagagem cultural na sua área de atuação. Merece mais do que recebe.
Abaixo mantenho a postagem feita mais cedo.

A volta do “Amigo da madrugada”: EBC renovará contrato com Adelzon Alves

Marcelo Auler

Reeditado às 14H30 a partir da nota enviada pela EBC 

Email da Comunicação Social da EBC anunciando a volta do "Amigo da madrugada"
Email da Comunicação Social da EBC anunciando a volta do “Amigo da madrugada”
Depois de diversos blogs – Marceu Vieira, Tijolaço, Jornal GGN – terem criticado a retirada do ar do programa “O Amigo da Madrugada”, de Adelzon Alves, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) decidiu renovar o contrato com o radialista que há 55 anos domina as madrugadas do Rio.
          Em nota oficial distribuída por e-mail, às 13H24, a comunicação social da empresa informou que “o contrato com o produtor musical e apresentador Adelzon Alves está em processo de renovação”.
Segundo a nota, a “expectativa é de que o Programa “Adelzon Alves, O Amigo da Madrugada” volte a ser exibido na próxima semana”. A nota admite ainda que contratos de outros programas também estão em processo de renovação.
A nota não explica porque a renovação não foi automática, como sempre ocorreu no caso de Adelzon Alves. Provavelmente por a atual diretoria ainda manter alguns nomes levados por Laerte Rimoli. Ao assumir, em maio passado, após o golpe do impeachment, o governo interino tentou destituir Ricardo Melo que tinha acabado de ser nomeado por Dilma Roussfeff para a presidência da Empresa. Como a lei que criou a EBC lhe garantia um mandato de dois anos, Melo recorreu ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu reassumir sua função.
Na diretoria, porém, permanecem alguns nomes levados por Rimoli em sua meteórica passagem pela empresa. É ela que esta fazendo a revisão dos contratos. Certamente a repercussão negativa a partir da primeira notícia do caso divulgada por Marceu Vieira levou os diretores a apressarem esta avaliação. Poderia aproveitar para remunerar condignamente Adelzon pela bagagem cultural na sua área de atuação. Merece mais do que recebe.
Abaixo mantenho a postagem feita mais cedo.

EBC despreza um patrimônio cultural e demite “o amigo da madrugada

Aldezon Alves, o "Amigo da Madrugada" vítima da mesquinharia dos subalternos de Temer. Reprodução
Aldezon Alves, o “Amigo da Madrugada” vítima da mesquinharia dos subalternos de Temer. Reprodução
Recordo-me bem. Todas as madrugadas, à meia-noite e meia, logo após o noticioso “O Seu Redator Chefe”, ele entrava no ar pelas ondas da Rádio Globo como o tradicional “Boa Noite, pra quem é de boa noite! Bom dia dia, pra quem é de bom dia! Saravá, pra quem é de Saravá!” Começava ali, mais um programa de Adelzon Alves, “O Amigo da Madrugada”. Amigo de porteiros , quem chamava de “Xerife”, de motoristas de táxi, os “pilotos das madrugadas” e de todos os profissionais que trabalham nesse horário ingrato , muitos deles com o velho rádio de pilha ao lado.
Pois nesta madrugada de 22 de julho de 2016, abro o computador e descubro, na Carta a Roberto Marinho e Chatô em favor de Adelzon Alves, do incomparável cronista Marceu Vieira em seu blog, que “na segunda-feira, 25 de julho, ao meio-dia, uma roda de samba promete se formar na Rua Gomes Freire, Centro velho do Rio, em frente ao prédio da Empresa Brasileira de Comunicação – EBC, num protesto contra atitude tão mesquinha de subalternos do governo provisório de Michel Temer”.
O Conselho da empresa pública decidiu economizar R$ 5 mil e demitiu Adelzon, às vésperas de completar 77 anos, 55 dos quais à frente de microfones de rádios. A última delas, a Rádio Nacional, onde foi acolhido em 1992, após uma injusta demissão da Rádio Globo, onde esteve por 26 anos. Voltaram a cometer uma injustiça não apenas com Adelzon, mas, como descreve Marceu, com a MBB (Música Boa Brasileira). Tudo por conta de uma suposta economia de R$ 5 mil brutos, vencimento que ele recebia como Pessoa Jurídica. Isto em um país que joga bilhões de reais pelo ralo ou pela corrupção que alimenta partidos políticos.
http://www.marceloauler.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Adelzon-Alves-enttre-Jackson-do-Pandeiro-e-Luiz-Gonzaga em um de seus programas da madrugada (Reprodução da Página www.paulobranco.com)
Adelzon Alves entre Jackson do Pandeiro e Luiz-Gonzaga em um de seus programas da madrugada (Reprodução de www.paulobranco.com)
Em 1974, quando comecei a trabalhar na Rádio Globo como estagiário, conheci o Adelzon. Afinal, meu estágio inicial era de 18H00 às 23H00 e eu fazia hora para assisti-lo no auditório do prédio da Rua do Russel 434, na Glória. Sim, ainda peguei programa de auditório em rádio. Era um auditório bem menor que os antigos, como da Rádio Nacional, que conheci em fotos. Mas, durante o programa do “Amigo da Madrugada”, estava sempre cheio. Invariavelmente com músico e sambistas famosos que iam prestigiar e serem prestigiados por Adelzon.
O papel da empresa pública – Nos dois anos que fiquei na Rádio Globo, assisti muitos programas ou, pelo menos, o início deles, pois os compromissos na manhã seguinte na própria rádio – em determinado momento eu passei a dar dois horários de trabalho para pagar a faculdade – não me permitiam ficar à noite sem dormir.
Adelzon Alves, como define Marceu Vieira em seu blog, é um  “patrimônio da radiofonia brasileira, profissional que, de modo sobrenatural, consegue reunir excelência e bondade”.
Na foto histórica, a confirmação da importância de Adelzon com a cultura brasileira.  Sentadas, ao lado do radialista Waldyr Amaral, Clara Nunes e Elizeth Cardozo. Empé, à esquerda João Nogueira e Roberto Ribeiro.À direita, Adelzon Alves. (reprodução do Blog Sulinha Cidad3)
Na foto histórica, a confirmação da importância de Adelzon com a cultura brasileira. Sentadas, ao lado do radialista Waldyr Amaral, Clara Nunes e Elizeth Cardozo. Em pé, à esquerda João Nogueira e Roberto Ribeiro. À direita, Adelzon Alves. (reprodução do Blog Sulinha Cidad3)
O mais questionável ainda é que a Rádio Nacional, que pertence a estrutura da Empresa Brasileira de Comunicação, é uma rádio pública e, como tal, deveria priorizar  a valorização da cultura brasileira.
Adelzon, e isso não é um mero chavão, faz parte da Cultura da Música Brasileira. Lançou nomes, como Clara Nunes, por quem acabou apaixonadíssimo a ponto de viver um período de depressão quando a relação dos dois terminou – e disto eu também fui testemunho.
Reproduzo aqui um trecho da reportagem O radialista Adelzon Alves, produtor de discos de Clara Nunes, homenageia a cantora em Pedra de Guaratiba, de Bernardo Costa, em dezembro de 2012, no jornal Extra, do Rio de Janeiro.
“Quem o vê passeando com os cachorros que adota pelas ruas de Pedra de Guaratiba, onde mora há 15 anos, pode não ligar o nome à pessoa. Mas aquele senhor de 73 anos, que gosta de vestir-se de forma simples e abomina o celular, é o radialista Adelzon Alves, produtor de quatro discos que alçaram Clara Nunes ao posto de uma das maiores cantoras de samba de todos os tempos”.
Adelzon é patrimônio cultural – O papel da EBC, como Arnaldo César escreveu aqui no blog em EBC: Nada com o que se espantar, é justamente o de ser “uma rede de televisão, rádio, agência de notícia e produtora de conteúdo audiovisual”, voltada para a sociedade. Como tal, deve comprometer-se em manter viva a memória da cultura brasileira. Só isso já justificaria a permanência de Adelzon no ar, sem depender das preocupações com audiência. Seu programa precisa ser encarado como cultura brasileira e não um simples entretenimento.
O texto de Marceu, uma leitura obrigatória, relembra muitos nomes que passaram pelos auditórios por onde Adelzon comandou as madrugadas. Principalmente da Rádio Globo. Eu protagonizei uma dessas visitas. Levei ao programa o Quinteto Violado, grupo nordestino que se apresentava no Rio de Janeiro. Recordo-me da satisfação dos cinco quando falei que poderia intermediar a visita. Eles adoraram. Aposto que o público ouvinte mais ainda.
Infelizmente, na segunda-feira, estarei indo para Curitiba por conta dos processos contra este Blog. Não poderei estar na roda de samba, mas acho que todos os músicos brasileiros deveriam aderir à mesma em uma belíssima forma musical de protestar, na defesa de alguém que muito fez pela nossa música.
Marceu recorre ao além pedindo por Adelzon Alves. Eu, até por não confiar em nenhum dos dois destinatários da carta dele, prefiro ficar no mundo dos vivos e clamar à nata da música popular brasileira para levantar a voz a favor desse verdadeiro patrimônio. Uma boa oportunidade é um comparecimento em peso na roda de samba do dia 25. Mas não apenas isso.
Só uma manifestação maciça, tal como ocorreu quando tentaram acabar com o Ministério da Cultura, fará esse governo interino entender o que é Cultura e que o seu papel como governo é cultivar esta Cultura, não assassiná-la em troca de míseros R$ 5 mil mensais.
Em nome da cultura brasileira, patrimônio que uma empresa de comunicação pública tem o dever de cultuar, manter Adelzon Alves no ar é fundamental. Não é um favor que farão ao mesmo, mas sim ao público brasileiro e à música popular brasileira.

copiado  http://www.marceloauler.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...