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Testes de stress tiram 27 mil milhões à banca europeia
Gigantes como o Santander ou o Deutsche Bank não escaparam às perdas. Analistas esperam pressão nas cotações até ao final do ano.
Gigantes
como o Santander ou o Deutsche Bank não escaparam às perdas. Analistas
esperam pressão nas cotações até ao final do ano.
A banca europeia perdeu praticamente 27 mil milhões de euros de capitalização bolsista desde a divulgação dos resultados dos "stress tests", a 29 de julho.
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Testes de stress tiram 27 mil milhões à banca europeia
Fotografia: Lucas Jackson / Reuters
Fotografia: Lucas Jackson / Reuters
Cátia Simões
Cátia Simões
07.08.2016 / 00:00
Gigantes como o Santander ou o Deutsche Bank não escaparam às perdas.
Analistas esperam pressão nas cotações até ao final do ano.
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Testes de stress na Europa: Italiano Monte dei Paschi tem a pior
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A banca europeia perdeu praticamente 27 mil milhões de euros de
capitalização bolsista desde a divulgação dos resultados dos ‘stress
tests’, a 29 de julho.
O índice Stoxx Europe 600 Banks derrapou 3% em cinco sessões, levando a
uma perda de 26,88 mil milhões de euros de capitalização bolsista esta
semana, segundo as contas da Orey Financial para o Dinheiro Vivo. O
destaque vai para gigantes como o Santander, que perdeu mais de quatro
mil milhões de euros em cinco sessões, ou a UBS e o BNP Paribas: menos
2,6 mil milhões de euros e 2,8 mil milhões de euros, respetivamente.
Também o Barclays, o Credit Suisse, ou Deutsche Bank perderam mais de
mil milhões de euros em bolsa.
Sem surpresa, os bancos italianos, como o Unicredit e o Intesa Sampaolo,
também foram penalizados, a perder mais de dois mil milhões de euros de
capitalização bolsista em cinco sessões. Já o Monte dei Paschi di
Siena, o único que chumbou os testes de stress, perdeu “apenas” 124
milhões de euros em bolsa.
Os analistas contactados pelo Dinheiro Vivo consideram que os resultados
dos ‘stress tests’ foram melhores do que o inicialmente esperado pelo
mercado. “Os stress tests acabaram por ter um impacto menos dramático
face aos receios dos investidores, na medida em que demonstraram que,
face a um cenário adverso, os bancos teriam capital suficiente para se
manterem solventes”, diz Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey
Financial.
Fotografia: REUTERS/Alessandro Bianchi
Já o Monte dei Paschi di Siena, o único que chumbou os testes de stress,
perdeu “apenas” 124 milhões de euros em bolsa. Fotografia:
REUTERS/Alessandro Bianchi
Já Eduardo Silva, gestor de ativos da XTB, refere que apesar dos
resultados positivos para o setor, porque não houve surpresas, “as
preocupações com recapitalização não se dissiparam nem aliviaram com os
resultados”.
Assim, para o especialista, os resultados reconhecem “o esforço de
recapitalização” mas “fazem pouco para aliviar as preocupações sobre a
força do setor”. Até porque, defende, “muitos dos bancos que brilharam
nos testes deparam-se com as mesmas dificuldades para cobrir os custos
de capital e encontram as mesmas dificuldades fundamentais que os bancos
mais pressionados”.
Pedro Lino, da DIF, tem a visão contrária: “A reação inicial ainda foi
negativa uma vez que existe a perspetiva de redução da rentabilidade dos
bancos e a incerteza quanto a mais aumentos de capital. Posto isto, a
banca europeia transaciona com um desconto muito elevado face aos pares
americanos, e tendo em conta que a banca americana deverá continuar a
subir, então e natural que o sector na Europa comece lentamente a
recuperar.”
O resultado do Brexit causou ondas de choque por toda a Europa e
expôs a fraqueza em alguns bancos da zona euro, especialmente em Itália
Os bancos europeus tornaram-se a maior preocupação dos investidores e
decisores políticos do Velho Continente depois do resultado do referendo
no Reino Unido ter votado a favor do Brexit. O resultado causou ondas
de choque por toda a Europa e expôs a fraqueza em alguns bancos da zona
euro, especialmente em Itália.
Mas os ‘stress tests’ também chamaram a atenção para casos como o da
Irlanda, destaca Eduardo Silva, “que surge como maior surpresa, os
testes de stress serviram como alerta de que a crise não está
ultrapassada e que ainda existe um longo percurso de reestruturações
fundamentais por implementar”.
Para Marisa Cabrita, os destaques vão, sem surpresa, o italiano Banco
Monte dei Paschi di Siena “como o que apresenta maiores fragilidades
entre os bancos analisados”. Os testes expuseram também a “necessidade
de reforço de capital em instituições sistémicas como o Barclays,
Deutsche Bank ou Societé Generale”, o que não foi, para a especialista,
uma surpresa para o mercado.
Os testes de stress serviram como alerta de que a crise não está
ultrapassada e que ainda existe um longo percurso de reestruturações
fundamentais por implementar”.
“Os testes revelaram que a banca italiana, recente alvo de grande
preocupação revelou encontrar-se numa posição razoável. A Irlanda,
Alemanha e Holanda revelam-se mais expostas”, acrescenta a especialista.
Para Pedro Lino, da DIF, “os países mais penalizados têm sido os
periféricos e a Alemanha, nomeadamente por via dos maus resultados do
Commerzbank, e duvidas quanto à solidez e capacidade do Deutsche Bank e
dos bancos regionais alemães em enfrentarem um choque de mercado”.
Angela Merkel, chanceler alemã. Fotografia: Fabrizio Bensch / Reuters
Os países mais penalizados têm sido os periféricos e a Alemanha, de
Angela Merkel, por via dos maus resultados do Commerzbank, e duvidas
quanto à solidez e capacidade do Deutsche Bank. Foto: Reuters
Pressão até ao final do ano
Apesar da queda de 3% as instituições registaram uma estagnação nas
quedas, depois de terem perdido mais de 45 mil milhões de euros nas duas
primeiras sessões. A segurar o comportamento do índice e impedir
maiores perdas estiveram os resultados divulgados por alguns gigantes
europeus, com saltos nos lucros que impulsionaram as ações. Bancos como a
ING, o Crédit Agricole e a Societé Generale inverteram a tendência de
queda depois de terem revelado um conjunto forte de resultados
financeiros e operacionais.
Ainda assim, essa recuperação a meio da semana não foi suficiente para
impedir o rombo na capitalização bolsista dos bancos. A Societé Generale
perdeu 726 milhões de euros de capitalização bolsista, o Crédit
Agrícole 803 milhões de euros. Já o ING, em sentido inverso, recuperou
mil milhões de euros na sua capitalização bolsista.
O lucro da ING cresceu 27% com o crescimento do crédito e 650 mil novos
clientes no segundo trimestre. Também o Crédit Agricole viu os lucros
subirem 26% no segundo trimestre, com a mais valia da venda da
participação na Visa. Já a Societé Generale os lucros do trimestre
aumentaram 36% com o crescimento da área de retalho internacional e dos
serviços financeiros.
O HSBC teve uma queda nos lucros de 45% por causa do ‘brexit’ mas a
cotação foi ser influenciada pelo anúncio de um programa de recompra de
ações. Já o Unicredit divulgou resultados acima das expectativas mas
sofreu os efeitos dos resultados dos ‘stress tests’, onde ficou
posicionado como o sexto pior banco.
Setor vai continuar pressionado até ao final do ano devido a
problemas dos próprios bancos mas também ao enquadramento atual do
mercado bolsista
Para os analistas, o setor vai continuar pressionado até ao final do ano
devido a problemas dos próprios bancos mas também ao enquadramento
atual do mercado bolsista. “O sector continuará sob pressão devido ao
ambiente de taxas de depósito baixas, fraco crescimento, inflação fraca,
regulamentação mais apertada, fraca liquidez, custos judiciais e de
reestruturação.
O processo é lento e apenas uma medida não convencional poderia aliviar o
sector no segundo semestre”, diz Eduardo Silva.
Marisa Cabrita concorda. “O ambiente de taxas de juro negativas, taxa de
crescimento económico modesto, elevados custos de regulação bem como
níveis de malparado elevados, contribuem para um ambiente extremamente
desafiante em termos de rentabilidade para o sector financeiro”.
Até porque, refere, apesar dos bancos estarem solventes, estão com “cada
vez mais dificuldades em manterem-se economicamente viáveis e
apresentarem resultados. Neste cenário, poderá esperar-se que algumas
instituições continuem a apresentar performances deprimidas”, frisa.
E em Portugal?
A banca portuguesa não passa ao lado do “ambiente desafiante”, como
todas as economias periféricas. Marisa Cabrita lembra que a banca
nacional está numa situação “considerada mais fragilizada devido ao
impacto do Novo Banco”, que está em processo de venda e recebeu uma
injeção de capital de 4,9 mil milhões de euros, do Estado e do Fundo de
Resolução. “Segundo a Moody’s, as perspetivas para o sector bancário
nacional continuam a deteriora-se e os níveis de capitalização são
considerados baixos”, lembra.
Pedro Lino enumera vários problemas: “O enorme buraco do Fundo de
Resolução e uma eventual contribuição extraordinária após a venda do
Novo Banco, o crédito mal parado, a recapitalização da CGD, que
evidencia os graves problemas do sector, as taxas de juro negativas, que
tem impacto na rentabilidade dos bancos, e o fraco crescimento da
economia que se traduz numa redução de crédito e capacidade para atrair
investimento para o sector financeiro.”
Também Eduardo Silva refere que “o impacto óbvio é de que o sector
deverá permanecer sob forte escrutínio dos investidores. A criação de
valor, custos de reestruturação e imparidades vão continuar a limitar os
resultados e afastar investimento no segundo semestre”, avisa.
- Veja mais em:
https://www.dinheirovivo.pt/bolsa/stress-tests-tiram-27-mil-milhoes-a-banca-europeia
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