Brasil
A candidata que é filha do maior criminoso do Brasil
Fernanda
Izabel da Costa, herdeira do traficante Fernandinho Beira-Mar, que
acumula pena de mais de 300 anos de prisão, concorre ao cargo de
vereadora em Duque de Caixas, cidade onde o pai se iniciou no mundo do
crime
Nos boletins de voto, ninguém
diria que a discreta candidata a um lugar de vereadora na Câmara
Municipal de Duque de Caxias, Fernanda Izabel da Costa, tem um pai tão
mediático. Fernanda, 31 anos de idade, cirurgiã dentista de profissão, é
filha de Fernandinho Beira-Mar, líder da fação criminosa Comando
Vermelho, uma das três que dominam o tráfico de droga no Rio de Janeiro,
e a cumprir penas de prisão que, somadas, chegam a 320 anos.
Os
principais meios de comunicação social têm tentado entrevistas com a
"Dra. Fernanda", como ela se apresenta nos boletins, mas recebem
invariavelmente respostas negativas acompanhadas da seguinte
justificação: "Quando eu me formei em Odontologia, ninguém quis fazer
entrevistas comigo."
Quem a quiser
ouvir tem de se deslocar aos seus comícios, onde repete um slogan de
campanha que também podia ser um slogan de apresentação do seu
consultório de dentista: "Caxias merece sorrir". "Eu conheço o
sofrimento que o povo caxiense passa, não só através dos meus pacientes
no consultório como de toda a gente com quem vou falando, Caxias merece
ser feliz, Caxias merece sorrir", afirma. A seu lado no palanque,
costuma estar Jean da Costa, filho de Débora da Costa, a irmã e advogada
de Fernandinho Beira-Mar.
Evangélica, na sua página de Facebook a maioria das frases de campanha que utiliza são retiradas de trechos da Bíblia.
Fernanda
Izabel Costa concorre pelo Partido Progressista (PP), em números
relativos a força com mais parlamentares envolvidos a nível nacional no
escândalo do Petrolão e membro da coligação que suporta o governo de
Michel Temer, em parceria com o Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), cujo presidente nacional é Aécio Neves, candidato presidencial
derrotado por Dilma Rousseff nas eleições de 2014, numa coligação
chamada Unidos para Renovar e reunida em torno do candidato a prefeito
José Camilo Zito, do PP.
"Ela não tem
culpa do pai que tem, não temos nada contra a Fernanda Izabel, se está
tudo certo em termos legais, o partido não tem mais nada a dizer sobre a
candidatura, a candidatura é limpa e ponto final", justificou Manoel
Cruz, o presidente do PP para a região da Baixada Fluminense, no estado
do Rio de Janeiro, local onde se situa Duque de Caxias, ao jornal O
Estado de S. Paulo. De facto, não consta nenhuma queixa contra Fernanda
Izabel Costa no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ou em qualquer
outro.
Ela declarou, por outro lado,
possuir um património de 140 mil reais [cerca de 40 mil euros, ao câmbio
atual], fruto da posse de um automóvel de marca Hyundai e de um imóvel
comercial onde exerce a sua profissão de dentista no Parque Beira-Mar, a
favela onde nasceu o pai e razão do seu nome de guerra.
Fernandinho
Beira-Mar, preso desde 2002 e transferido dezenas de vezes de
penitenciária para penitenciária por razões de segurança, está agora
detido em Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, a milhares de
quilómetros de Duque de Caxias, sob acusações que vão do assassinato ao
tráfico. O criminoso começou a carreira no mundo do crime a roubar armas
do exército e a revendê-las a traficantes de droga. Mais tarde,
refugiou-se no Paraguai, de onde controlava à distância e com mais
segurança parte do tráfico de maconha na cidade do Rio de Janeiro.
Depois
de quase ter sido detido por denúncias, ordenou execuções de rivais e
de delatores. Finalmente preso, matou Ernaldo Medeiros, conhecido como
Uê, outro dos líderes do tráfico, quando cumpria pena na penitenciária
de Bangu, no Rio, o mesmo onde se passam cenas dos filmes Tropa de Elite
1 e 2. Considerado meticuloso e cerebral, o sistema criminoso que
Beira-Mar montou - e continuou a dirigir, mesmo detido, através de
milhares de anotações em pequenas folhas de papel que fazia chegar ao
exterior pelas suas visitas - já foi objeto de teses académicas e
divulgado em livros.
Enquanto cumpre
pena, Fernandinho Beira-Mar, que se disse no seu último julgamento
injustiçado pelos meios de comunicação do social que o acusam de todo o
tipo de crimes porque dá audiência, está a tirar os cursos de Direito e
de Teologia. Chamado de traficante, diz que prefere ser conhecido como
"fazendeiro" de profissão, embora admita que as fazendas que possui
foram adquiridas com dinheiro ilícito fruto do negócio da droga.
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