Marcelo inclinado a vetar lei que abre contas bancárias ao fisco Governo mandou diploma para a Presidência da República na sexta-feira. Serviços jurídicos de Belém já entregaram parecer a Marcelo. Que anunciará decisão nos próximos dias

Governo mandou diploma para a Presidência da República na sexta-feira. Serviços jurídicos de Belém já entregaram parecer a Marcelo. Que anunciará decisão nos próximos dias

Marcelo Rebelo de Sousa aplaudido após o discurso na sessão solene de abertura do ano letivo do Conselho Nacional de Educação, em Lisboa
Governo mandou diploma para a Presidência da República na sexta-feira. Serviços jurídicos de Belém já entregaram parecer a Marcelo. Que anunciará decisão nos próximos dias
O decreto do governo que abre ao fisco a possibilidade de acesso às contas bancárias com saldos superiores a 50 mil euros chegou na sexta-feira a Belém e os serviços jurídicos da Presidência da República já colocaram na secretária de Marcelo Rebelo de Sousa a sua análise do diploma.
Até ao final desta semana, o Presidente da República anunciará a sua decisão. O governo garante que o diploma enviado para Belém resolveu as dúvidas levantadas pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), mas a convicção do Presidente será de que esses problemas não foram de facto resolvidos. Os dados disponíveis indiciam portanto que Marcelo devolverá o diploma ao governo - ou seja, irá vetá-lo. E, fazendo-o, tem duas opções: ou um simples veto político (devolução da lei ao governo); ou um veto constitucional (envio do diploma ao Tribunal Constitucional para que este se pronuncie).
Proteção de Dados falou em violação da Constituição


Em 5 de julho, a CNPD emitiu um parecer sobre um anteprojeto do decreto-lei que lhe fora enviado pelo governo (secretário de Estado dos Assuntos Fiscais) dizendo que os dados que se pretendem tornar acessíveis à Autoridade Tributária se integram "na categoria de dados pessoais de natureza sensível" e são "sigilo bancário, também por revelar aspetos relevantes das vidas das pessoas". A CNPD falou em inconstitucionalidades, por alegada violação do n.º 2 do artigo 18.º: "A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos."
O mesmo organismo insistiu na ideia de que o fisco só pode aceder a contas bancárias caso se "indiciem comportamentos fiscais ilícitos" ou, "pelo menos", se "identifiquem situações de risco de tais comportamentos".
O governo alterou o diploma para fazer face às reservas da CNPD - nomeadamente estabelecendo que o fisco só poderia aceder a contas com saldos iguais ou superiores a 50 mil euros - e voltou a pedir um parecer, e esse foi de novo negativo. "A introdução de um patamar de 50 mil euros nos saldos de conta, para comunicação de dados à Autoridade Tributária, não ultrapassa a questão de fundo de violação do princípio da proporcionalidade (...) Continuará a ser claramente excessivo e desproporcional comunicar dados à Autoridade Tributária de cidadãos sobre os quais não existe sequer qualquer indício de comportamentos fiscais ilícitos", disse aquele organismo, numa nota enviada ao jornal online Observador. Isto foi em 13 deste mês - e cinco dias antes, dia 8, o Conselho de Ministro aprovara a versão final do diploma a enviar ao Presidente da República, cuja versão a CNPD dizia desconhecer.
O sistema que o governo instalar funciona por "varrimento" e é automático. Os bancos fornecerão ao fisco os dados bancários dos contribuintes com saldo superior a 50 mil - mas apenas os saldos e não os movimentos - e depois a máquina fiscal irá comparar esses dados com os das declarações fiscais desses mesmos contribuintes, para verificar se a riqueza verdadeira e a riqueza declarada coincidem ou não.
PCP com reservas
A matéria não é pacífica nos partidos que apoiam o governo do PS. O Bloco de Esquerda já se manifestou a favor: "Se não houver nada a esconder, não há mal nenhum. Quem não deve não teme. Não há aqui nenhum problema do ponto de vista de estar a acusar injustamente. Ninguém vai tocar nas poupanças das pessoas", afirmou Mariana Mortágua à TSF.
O PCP, contudo, expressou reservas. À mesma rádio, o deputado António Filipe disse que o acesso do fisco aos saldos bancários "não pode ser de qualquer maneira". "O acesso tem de ser justificado, com regras. Um acesso livre sem qualquer justificação não faz sentido e não é constitucional", disse.
À direita, PSD e CDS também rejeitam o diploma, falando os sociais-democratas em "devassa" e os centristas em "coscuvilhice". Ontem, o Público noticiou que no caso de um veto político do Presidente da República o governo não deverá insistir no diploma.
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