nanotecnologia
Submarinos microscópicos para atacar células doentes
Investigadores da Dinamarca estudam a possibilidade de injetar cápsulas minúsculas no corpo para administrar medicamentos
Imagine
um submarino microscópico que transporta medicamentos a navegar pela
sua corrente sanguínea à procura de células doentes para tratar. O que
até há bem pouco tempo parecia ficção científica, ao estilo do filme
Viagem Fantástica, pode estar perto de se tornar realidade. Um grupo de
investigadores da Universidade Técnica da Dinamarca, que trabalha na
área da nanomedicina (que alia a medicina e a nanotecnologia), está a
desenvolver um projeto de cápsulas milimétricas que poderá vir a ter
resultados promissores no tratamento de várias doenças.
A
equipa de cientistas é liderada por Leticia Hosta-Rigau, uma
investigadora, de 35 anos, natural de Barcelona, que recentemente foi
galardoada com o prémio Mulheres na Ciência L'Oréal-UNESCO. "Criámos
cápsulas, semelhantes a uns minúsculos submarinos, que transportam
fármacos no seu interior. Injetam-se e viajam através da corrente
sanguínea em busca de células doentes para as tratar", explicou a
nanobiotecnologa ao jornal espanhol El Mundo.
Estes
minúsculos equipamentos têm a particularidade de estar revestidos por
um material que é capaz de detetar as células doentes e que se expressam
de uma maneira diferente das células saudáveis. Quando as encontram,
diz a publicação espanhola, unem-se às células e são absorvidos através
de um processo que se chama endocitose e que permite o transporte de
substância do meio extra para o intra celular.
"É
lá que o medicamento é libertado", disse Leticia Hosta-Rigau, realçando
que todo este processo se encontra em fase de testes. "Estamos a
estudar o seu potencial e a ver até onde podemos chegar com eles", disse
a investigadora. A linha de investigação que é seguida, explica o El
Mundo, faz parte de um ramo da nanomedicina que não se dedica a estudar
novos fármacos, mas que se debruça sobre as melhores formas de os
dirigir especificamente para determinado local.
Apesar
de esta metodologia ter sofrido significativos avanços nos últimos
anos, este grupo de quatro investigadores será o primeiro, até ao
momento, a produzir cápsulas com compartimentos separados, o que faz que
este método seja visto como promissor para o tratamento de várias
doenças.
O investigador Samuel Sanchez,
natural da Catalunha, também se dedica à criação de nanorobôs capazes
de navegar na corrente sanguínea e de administrar medicamentos. No ano
passado, o cientista disse ao El País que este método pode vir a ser
muito útil para o tratamento do cancro. A vantagem, explicou, é que os
fármacos podem ser direcionados para um ponto específico, sem terem de
ser libertados em todo o corpo. Entre os vários tipos de nanorobôs, os
maiores são do tamanho de uma bactéria ou de uma célula cancerígena. E
mil vezes mais finos do que o diâmetro de um fio de cabelo.
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