O juiz federal Sérgio Moro,
titular da 13ª Vara Federal em Curitiba, responsável pelas ações penais
da Operação Lava Jato, decretou sigilo do inquérito da Polícia Federal
que investiga crimes relacionados ao Setor de Operações Estruturadas da
empreiteira Odebrecht.
Em despacho publicado nessa quinta-feira
(29), no sistema eletrônico da Justiça Federal, o juiz afirma que novos
mandados podem ser cumpridos contra terceiros e a divulgação dos autos
poderia comprometer a investigação.
“Como as investigações dos pagamentos
nesse setor têm desdobramentos imprevisíveis, o que poderá levar à
necessidade de novas diligências, inclusive novas quebras e buscas,
decreto sigilo sobre estes autos em relação a terceiros e aos
investigados. Observo, ademais, que nenhum dos investigados no processo
5046159- 54.2016.4.04.7000 sofre no momento qualquer restrição a sua
liberdade ou a sua propriedade. Franqueado, por ora, o acesso apenas à
autoridade policial e ao MPF, sem prejuízo do levantamento do sigilo
quando não houver mais riscos às investigações”, despachou o juiz.
O juiz também determinou que o acesso ao inquérito pelos investigados será decidido caso a caso.
Em petição encaminhada nessa quarta, a
defesa do ex-ministro Antônio Palocci, questionou o sigilo de parte da
investigação. Sérgio Moro respondeu em despacho que a defesa indique
especificamente o pedido de acesso. “Observo que a maior parte dos
procedimentos relacionados ao presente feito tramitam sem sigilo ou sob
sigilo nível 1, estando acessível, portanto, às partes, ainda que via
processo relacionado. Caso haja algum procedimento a que a Defesa não
tenha acesso, deve indicar especificamente o número para viabilizar
análise individualizada deste Juízo”, disse o juiz.
Considerando que Palocci será ouvido
nesta quinta-feira (29), o juiz liberou o acesso da defesa.
“Especificamente no que diz respeito ao inquérito
5054008-14.2015.404.7000, considerando-se que Antonio Palocci Filho será
ouvido pela autoridade policial na data de amanhã, defiro o acesso ao
referido inquérito”, encaminhou.
Investigação
O delegado da Polícia Federal (PF) Filipe Pace, que atua na
força-tarefa da Operação Lava Jato, abriu, na última terça-feira (27),
um inquérito sobre suspeitas de pagamento de propina pelo grupo
Odebrecht em dezenas de obras pelo Brasil.
As investigações começaram na 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro,
quando foi rastreado um repasse do grupo ao marqueteiro João Santana.
A PF possui planilhas e e-mails que, em conjunto, apontam que houve
pagamento de propina em diferentes níveis de “solidez”. Algumas obras
investigadas são do âmbito federal, do governo do PT, mas há também
obras de governos estaduais da antiga oposição, como as linhas 2 e 4 do
metrô de São Paulo, obra realizada sob comando do PSDB. Há, ainda, obras
de gestões municipais. As obras mais antigas da lista são de 2004.
Uma das planilhas apreendidas chama-se Programa Posição Especial
Italiano e cita R$ 128 milhões pagos em propina ao PT a mando do
“italiano”, que seria o ex-ministro Antonio Palocci, preso na
segunda-feira (26), na 35ª fase da operação. Palocci deve depor nesta
quinta-feira (29).
Até agora, a PF tem decifrado os documentos sem a ajuda dos
executivos da Odebrecht, que negociam uma delação premiada. A única
investigada que colaborou com com a força-tarefa no Paraná foi Maria
Lúcia Tavares, ex-funcionária do “setor de propinas” do grupo. Ela foi
chamada de “corajosa” pelo delegado Filipe Pace, por “romper o silêncio”
da Odebrecht.
A empreiteira não se manifestou sobre o caso. Todos os partidos têm negado os indícios de propina.
Confira a lista das obras já divulgada:
Rio de Janeiro
- Aeroporto Santos Dumont
- Arco rodoviário
- Autódromo Jacarepaguá
- Piscinas do Pan 2007
- Casas no Complexo do Alemão
- Estádio do Maracanã
- Metrô Linha 4 – Oeste
- Metrô de Ipanema
- Terminal Grota Funda
- Programa Social (não especificado)
- Restauração da praia Sepetiba
- Terminal Cabiúnas (interior do estado)
- Comperj (interior do estado)
- Complexo Japeri (interior do estado)
- Hidrelétrica de Simplício (interior do estado)
- Hospital do Guarus (interior do estado)
São Paulo
- Obras EMTU
- Linha 2 – Metrô
- Linha 4 – Metrô
- Contrato de tratamento de lixo
- Sistema de esgoto do município de Mauá
- Capivari II / Sanasa (Campinas)
- Túnel João Penteado (Campinas)
- Corredor metropolitano (Campinas)
- Saneamento na cidade de Marinque
Rio Grande do Sul
- Trensurb em Porto Alegre
- Terceira perimetral de Porto Alegre
- Porto do Rio Grande
- Molhes do Porto em Rio Grande
- Barragem de Taquarembó (Dom Pedrito)
Bahia
- Arena Fonte Nova
- Enseada de Paraguaçu
Pernambuco
- Arena Pernambuco
- Enseada de Paraguaçu
- Refinaria Abreu e Lima
- Pier Petroleiro Suape
- Plantas industriais Petroquisa
Ceará
- Adutor Castanhão
Espírito Santo
- Obras de Cesan
Piauí
- Tabuleiros litorâneos do Parnaíba
Paraná
- Repar
Rio Grande do Norte
- Esgoto do Baldo
Rondônia
- Hidrelétrica de Santo Antônio
- Projeto Madeira
Santa Catarina
- Porto de Laguna
Fora do Brasil
- Aeroporto de Catumbela (Angola)
- Vias de Luanda (Angola)
- Vias Expressas (Angola)
- Dutos de gás (Argentina)
- Hidrelétrica de Tocoma (Venezuela) copiado http://paranaportal.uol.com.br/operacao-lava-jat
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