Colômbia
Há outra guerrilha pronta a seguir "caminho das FARC"
Há outra guerrilha pronta a seguir "caminho das FARC"
Governo de Bogotá exige libertação prévia de todos os reféns para negociações formais
A
guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), última organização
relevante da luta armada na Colômbia, anunciou ontem pela voz do número
três do movimento, Pablo Beltrán, que "vamos pelo mesmo caminho das
FARC, por estradas diferentes, mas na mesma direção". Isto é, também o
ELN quer negociar com o governo de Bogotá um acordo de paz.
O
dirigente do ELN, que tal como as FARC iniciou as ações armadas na
década de 60, indicou que, a breve trecho, a organização espera chegar a
acordo na fixação de uma data para o início de "nova fase das
negociações". Estas irão decorrer na capital equatoriana, Quito, e
suceder-se-ão a uma etapa concluída no final de março com o acordo para
formalizar negociações de paz.
Em
declarações à rádio online Ranpal, ligada ao ELN, Beltrán indicou ainda
que o grupo irá observar um "cessar-fogo provisório" até à realização do
referendo sobre o acordo entre o governo e as FARC que se realiza a
dois de outubro e ontem assinado em Cartagena. Não deixando de colocar
reticências ao acordo de agosto em Havana, que abriu caminho ao fim da
luta armada das FARC após quatro anos de negociação, o dirigente do ELN
considerou que os dois processos "são complementares" e notou que, em
vários momentos, a sua organização tentou fundir as negociações, o que
Bogotá sempre recusou, segundo aquele responsável.
Bogotá
tem colocado como condição prévia para o desenrolar das negociações de
paz com o ELN - ou a "fase pública" do processo, como a guerrilha se lhe
refere - o fim dos sequestros pelo grupo e a libertação de todos os
reféns em poder daquele grupo. Sobre isto, Beltrán adiantou "existirem
hipóteses de acordo" para que se possa "fixar uma data" para a reunião
de Quito.
2500 convidados e 400 vítimas
A
assinatura final do acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC
aconteceu no Centro de Congressos de Cartagena, contando-se com a
presença de 2500 convidados, entre os quais a generalidade dos chefes de
Estado das Américas do Sul e Central, do rei vitalício de Espanha, Juan
Carlos, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o secretário de
Estado americano John Kerry. Todos os convidados internacionais viajam a
custas próprias, explicou a ministra do Comércio, Maria Claudia
Lacouture, responsável pela organização.
Sinal
da atmosfera de reconciliação nacional, não foram definidas áreas
específicas para cada grupo de convidados, destacando-se entre estes
cerca de 400 vítimas diretas ou familiares de vítimas das FARC e 120
membros da guerrilha. Uma das personalidades mais conhecidas que foi
alvo da violência das FARC, a antiga candidata presidencial Ingrid
Betancourt que esteve refém seis anos, não estará presente. Segundo a
própria, por "razões médicas", mas sublinhando que é incondicional
defensora do sim no referendo de dois de outubro.
Fortes
medidas de segurança estavam anunciadas para todo o dia de ontem em
Cartagena, tendo sido mobilizados 3500 polícias e meios da força aérea e
da marinha.
A delegação da guerrilha,
composta por 40 pessoas, entre as quais o líder Timochenko (pseudónimo
de Rodrigo Londoño) permaneceu em local secreto até uma hora antes do
início da cerimónia. Estavam previstas discursos de dez minutos do líder
das FARC e do presidente Juan Manuel Santos após a assinatura do
documento de 297 páginas.
EUA e UE já anunciaram que as FARC serão retiradas das respetivas listas de grupos terroristas.
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