Efeito Mozart. Ouvir boa música faz bem ao cérebro e ao coração vídeo
Por: Luis Pellegrini
Fonte: http://www.luispellegrini.com.br
Desde que o mundo é mundo, os efeitos benéficos da boa música são bem conhecidos e utilizados por praticamente todas as tradições de sabedoria surgidas na face da Terra. Essas tradições, que quase sempre tinham como objetivo final o incremento do nível de espiritualidade da pessoa humana (entendida como incremento da consciência de si e dos processos do mundo), desenvolveram ao longo do tempo extraordinários sistemas musicais destinados a vitalizar e a harmonizar todos os aspectos da natureza humana, tanto o físico quanto o psíquico, o mental e o espiritual.
Mais recentemente, a ciência cartesiana também se interessou pelo poder da música, dando início a estudos que não param de se desenvolver. O assim chamado “Efeito Mozart , por exemplo, veio a público em 1993, em um artigo publicado na revista científica Nature. Nele se informava que uma equipe de neurobiologistas da Universidade da Califórnia afirmava que, ao se proporcionar dez minutos diários de audição de sonatas de Mozart a estudantes, eles demonstravam uma melhora evidente nas suas capacidades de raciocínio espaço-temporal. A notícia fez furor e correu o mundo, estimulando Don Campbell, um professor de música do Texas, a capitalizar a ideia e escrever um best-seller, The Mozart Effect (1997).
Hoje, para boa parte do mundo científico, limitar esse efeito positivo e salutar apenas à música de Mozart, é um equívoco que se tornou um mito. Simplesmente porque ouvir boa musica, em particular música agradável e de grande beleza e qualidade como é de fato a música desse grande compositor austríaco, provoca no cérebro um aumento dos níveis de dopamina (um neurotransmissor que incrementa o bom humor e a sensação de prazer), e seria esse fator o responsável pela melhora que se observa nas prestações cognitivas. Mas esse mesmo efeito positivo se obtém escutando-se um CD de Amy Winehouse ou de batucada de escola de samba – desde que a pessoa goste de Amy ou de batucada.
Confirmação austríaca
Essa teoria foi confirmada em 2010 por um estudo austríaco: comparando 39 experimentos feitos ao redor do Efeito Mozart, os pesquisadores concluíram que a audição de qualquer tipo de boa música produz efeitos positivos no ouvinte. Mais recentemente, alguns pesquisadores da Universidade do Texas, integrantes do Texas Health Science Center de Houston, observaram que os cirurgiões que ouviam Mozart antes de buscar pólipos no cólon de um paciente encontravam percentualmente um maior número deles do que quando não ouviam música.
Uma curiosa experiência derivada do Efeito Mozart em humanos foi relatado pela primeira vez pelo jornal espanhol El Mundo, em 2007. Segundo o artigo, as vacas de uma fazenda em Villanueva del Pardillo, Espanha, produziram de 30 a 35 litros de leite por dia em comparação com os apenas 28 litros por vaca das outras fazendas. Segundo o proprietário, Hans-Pieter Sieber, isso foi graças ao Concerto de Mozart em ré, para flauta e harpa, que suas 700 vacas da raça frísia passaram a ouvir na hora da ordenha. Sieber também afirmou que o leite ao som de Mozart tem gosto mais doce. Logo depois, monges cristãos da localidade de Brittany, na França, disseram terem sido os primeiros a descobrir que as vacas gostam de ouvir Mozart, de acordo com a ABC News. Agora, vários pecuaristas de Israel, da Inglaterra e inclusive do Brasil tocam música clássica para suas vacas…
Música triste. Um fascínio que muitos não entendem
Na vida, todos os dias fazemos o possível para não cair na tristeza. Por que então tantas pessoas apreciam as canções melancólicas? Segundo um estudo que acaba de ser publicado na revista Frontiers in Psychology, essa predileção tem a ver com uma forma não comum de empatia.
Pesquisas recentes demonstraram, com efeito, que quando escutamos uma melodia triste, ativamos experiências de três tipos diversos. Alguns sentem uma sensação de perda dolorosa (e assim sendo não aprecia o gênero); há quem experimenta um sentimento similar ao da melancolia; e existe uma terceira categoria de pessoas que afirmam experimentar uma comoção muito confortadora.
Foi esta última reação que concentrou a atenção de alguns cientistas ingleses e finlandeses. Eles solicitaram a um grupo de 102 voluntários para que ouvissem um trecho musical considerado “triste”, destituído de palavras para se evitar interferências emotivas. Os participantes tiveram também que compilar questionários sobre o seu estado de humor, sua propensão à nostalgia, seu estado de saúde e sobre a qualidade da sua vida. Por fim, se submeteram a um teste para medir a empatia.
Um passo adiante
Alguns dos voluntários se declararam nervosos ou ansiosos depois de ouvir o trecho musical escolhido; outros relataram um sentimento de comoção, uma espécie de tristeza agradável. Curiosamente, as pessoas deste segundo grupo demonstraram ser muito mais empáticas: ou seja, capazes não apenas de experimentar em si mesmas as emoções dos outros, mas também de conseguir manter uma certa distância delas e desenvolver compaixão e desejo de ajudar.
Este tipo de sensibilidade – como o amor pelas músicas tristes – poderia ter uma mola bioquímica: a comoção sentida poderia estimular a produção e a liberação de hormônios do bem-estar, como a oxitocina e a prolactina (uma reação similar à da satisfação que se sente após saborear um bom prato). Ou então poderia tratar-se de um puro prazer psicológico que deriva do ter experimentado toda a gama de emoções possíveis, inclusive aquelas menos apreciadas.
Vídeo: A Romanza do Concerto No 1 para Piano de Frédéric Chopin, com a Orquestra Sinfônica da Eslováquia. Compositor romântico por excelência, Chopin era especialista em acordes e arranjos propícios para o desencadear de estados melancólicos e meditativos. Ouça com atenção e procure perceber que tipo de sentimentos Chopin desperta em você.
Onze questões que podem ser resolvidas com a música
1 Performances esportivas – A música está longe de ser apenas um pano de fundo para a prática de certas modalidades esportivas como a ginástica rítmica e a patinação. Segundo estudo da Georgia Southern University, ela ajuda a controlar os níveis de ativação fisiológica (arousal) antes e depois da competição, ajuda os atletas a se concentrarem antes de partir para a performance, e cria um espírito de equipe no transcorrer da prova. Uma outra pesquisa, da Universidade Brunel, de Londres, estima que a música justa pode aumentar em até 15% a resistência física do atleta. Um outro estudo britânico de 2005 já demonstrara que a audição de música pode melhorar em até 20% as prestações esportivas (como se ocorresse um efeito de dopping, porém legal e autorizado).
2 Nascimentos prematuros – A música pode constituir um excelente acolhedor ambiental para as longas permanências em berçários nas quais o recém nascido prematuro é obrigado a permanecer até receber alta. Pesquisadores canadenses observaram que a audição de boa música pelos bebês prematuros os ajuda a suportar melhor a dor e os encoraja a desenvolver melhores hábitos alimentares, favorecendo o aumento de peso. Os gêneros preferidos? A música clássica – Mozart com frequência – e sons que recordem os batimentos cardíacos da mãe e os ruídos amortecidos do interior do útero. Estes últimos parecem favorecer o sono dos pequeninos internados nos hospitais.
3 Plantas deprimidas – Além de estimular o crescimento dos bebês, a boa música encoraja também o das plantas. Pelo menos é isso que sustentam algumas teorias recolhidas em um único volume em 1973, intitulado The Sound of Music and Plants, escrito pela professora universitária do Colorado, Dorothy Retallack. Em um dos seus experimentos, Retallack separou dois grupos distintos de plantas idênticas e os fez “escutar” dois gêneros musicais diversos: música rock e música longe ambiental suave Duas semanas depois, as plantas submetidas ao som do rock and roll tinham crescido, porém suas folhas estavam sem brilho e amareladas, além de se mostrarem recurvadas na direção contrária à dos alto-falantes. As plantas do segundo grupo tinham crescido de modo uniforme e estavam muito verdes e saudáveis, ligeiramente recurvadas em direção à fonte musical.
4 Lesões cerebrais – A música é um importante instrumento de reabilitação cognitiva para quem sofreu lesão cerebral, ou enfrenta as consequências de alguma doença neuro-degenerativa. Ouvir a música preferida pode melhorar o humor e o espírito colaborativo dos pacientes que sofreram um derrame; estímulos sonoros rítmicos podem ajudar na recuperação de algumas funções linguísticas e da fala. Nos pacientes que sofrem de Parkinson, a música serve como coadjuvante nos exercícios destinados à recuperação do equilíbrio.
5 Catalizador (ou repelente) social – A música funciona como importante catalizador social, proporcionando uma identidade comum a muito grupos, sobretudo de jovens. Esse fenômeno é conhecido há bastante tempo, mas nem todos sabem que ele também pode surtir um efeito oposto: a música pode afastar quem não aprecia aquele tipo particular de ritmo ou de melodia. É por isso que certos ambientes comerciais elegantes o tempo todo deixam no ar música clássica: ela afasta o público não desejado (por exemplo, uma frequência demasiado jovem que nem sempre aprecia o gênero). Quando o cérebro escuta alguma coisa que não aprecia, ele inibe a produção de dopamina, um hormônio que nos faz sentir contentes e satisfeitos.
6 Surdez – Em alguns casos, a escuta contínua de música pode prevenir os problemas naturais de perda da audição ligados à idade mais avançada. Um estudo feito com 163 adultos, metade dos quais músicos profissionais, demonstrou como e o quanto os cultores da música conseguem processar os sons melhor do que os sujeitos de controle, com uma discrepância que aumenta com a idade. Um músico de 70 anos consegue em média distinguir os sons em um ambiente rumoroso com a mesma eficácia de uma pessoa de 50 anos não musicista.
7 Corações partidos – E não nos referimos às penas amorosas, mas às patologias cardíacas. Foi demonstrado que uma música relaxante pode ser muito útil na convalescença de pacientes que passaram por cirurgias cardiológicas ou que sofreram um infarto. A música abaixa a pressão arterial, reduz os batimentos cardíacos e ajuda a reduzir a ansiedade. Uma música alegre e dinâmica, especialmente quando a pessoa a aprecia, provoca a expansão dos vasos sanguíneos e intensifica a circulação do sangue, favorecendo a saúde do coração.
8 Adolescentes aborrescentes – Não apenas a melodia de um trecho musical pode produzir efeitos positivos. Também o conteúdo da música pode trazer benefícios importantes. Um estudo inglês de 2008 demonstrou como a audição de um trecho com uma mensagem social positiva (por exemplo, “Heal the World”, de Michael Jackson) encoraje comportamentos colaborativos nos adolescentes (que durante o experimento se ofereceram várias vezes para recolher um lápis ou algum outro objeto deixado cair “acidentalmente” ao chão.. Não se consegue obter o mesmo efeito colaborativo se o trecho musical for de tipo “neutro”, ou seja, destituído de mensagem.
9 Alfabetização – Algumas orquestras organizadas nos lugares socialmente mais caóticos e difíceis têm o mérito de tirar os jovens das ruas e direcioná-los para um novo objetivo comum. Mas a música pode agir de modo ainda mais concreto. Um estudo norte-americano de 2009 demonstrou que aprender a ler música e a reconhecer as notas e sinais musicais em idade escolar potencializa também as habilidades de leitura geral, contribuindo para a alfabetização. A música talvez não torne a pessoa mais inteligente, porém certamente a ajuda a recordar aquilo que aprendeu.
10 Promoções subliminares – Das grandes causas sociais passemos agora ao mundo mais concreto dos negócios. Sabe-se que a música de fundo que toca nas lojas encoraja certos tipos de compras. Fazer ouvir música francesa numa casa de vinhos estimula as compras de vinhos franceses. Da mesma forma que música alemã promove vinhos alemães, música italiana os vinhos italianos, etc.
11 Alteração do sabor – Permanecendo no tema dos vinhos, a música pode contribuir inclusive no modo como percebemos o sabor da bebida que temos em nossa taça. Até mesmo o vinho tinto mais barato, saboreado com um fundo musical quente e profundo, será julgado mais encorpado por cerca de 60% dos consumidores! O mesmo efeito de condicionamento acontece com o vinho branco.
copiado http://www.brasil247.com/pt/247/
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