'Não queremos ser sócios de fracasso anunciado', diz Aécio PSDB cobra medidas amargas e diz que não servirá de “bucha de canhão” para projeto de Temer


'Não queremos ser sócios de fracasso anunciado', diz Aécio A-GQ8PG

Séquito. Michel Temer está em viagem à China acompanhado de Renan Calheiros e vários ministros
PUBLICADO EM 04/09/16 - 03h00
Brasília. O presidente Michel Temer (PMDB) já gastou a lua de mel dos primeiros cem dias na Presidência da República e agora termina também a trégua dada pelo PSDB. Os tucanos se insurgem contra medidas consideradas eleitoreiras e cobram que Temer assuma imediatamente ações amargas de ajuste fiscal, como o envio ao Congresso das reformas trabalhista e da Previdência e o fim da gastança com reajustes salariais.
“Tenho confiança que o presidente Temer perceberá que tem que liderar essa agenda rápido. Não queremos ser sócios de um fracasso anunciado”, diz Aécio Neves, presidente do PSDB.
“Se o PMDB não assumir as medidas amargas do ajuste, não vamos ficar de bucha de canhão”, afirma o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
Nos próximos dois anos, o comandante do governo de coalização terá que contrariar interesses no Congresso e tomar um caminho na encruzilhada entre o espírito de austeridade do PSDB e o DNA gastador e populista do centrão e do PMDB frente à pressão das corporações.
Os peemedebistas dizem que já era previsível essa relação tensa com o aliado devido ao projeto de poder do PSDB em 2018. Já os tucanos afirmam que não aceitarão ser o que o PMDB foi do PT durante os últimos 13 anos. “Vai ser difícil Temer se equilibrar nessa encruzilhada. Hoje, o líder da gastança é o PMDB. Temer não será burro de repetir Dilma. O PMDB está virando o PT do Temer”, diz o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE). “E os tucanos viraram o nosso PMDB da era Lula e Dilma”, responde um ministro peemedebista, lembrando a queixa permanente do PMDB de ter papel figurativo nos ex-governos.
Nas últimas semanas, o projeto de reajuste dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da defensoria pública colocou em lados opostos os aliados governistas. As cúpulas do PSDB e do DEM fizeram duras críticas à flexibilização da equipe econômica em relação aos aumentos salariais. E a relação ficou complicada, com ataques pesados dos dois lados nos bastidores, chegando a ameaças de ruptura ou apoio crítico independente.
De um lado, os peemedebistas enxergam no principal aliado um discurso que justifique um eventual desembarque. Do outro, os tucanos acusam o PMDB de faturar com bondades, deixando o ônus de brigar pelo aperto fiscal para PSDB e DEM. O PSDB exigiu que Temer, já no pronunciamento após o impeachment, anunciasse seu comprometimento com a agenda de reformas para consolidar a credibilidade do governo nos próximos dois anos.
Ministérios
Reforma. Temer disse que “não está pensando” em reforma ministerial no momento. “Para ser franco, nem tive tempo de pensar e nem penso no momento”, disse a jornalistas na China.
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