Candidatura de Lula sob ameaça da Lei da Ficha Limpa Confira os instantâneos dos aspirantes ao Planalto

Candidatura de Lula sob ameaça da Lei da Ficha Limpa

AFP/Arquivos / Mauro PimentelSeguidores exibem máscaras do ex-presidente durante o festival 'Lula Livre' no dia 28 de julho no Rio de Janeiro
A candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção, será provavelmente invalidada devido à Lei da Ficha Limpa, que declara inelegíveis pessoas condenadas por um tribunal colegiado (com mais de um juiz).
Foi o que aconteceu com o ex-presidente (2003-2010), líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), cuja sentença inicial de nove anos e meio de prisão foi elevada em janeiro a 12 anos e um mês pelos três magistrados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), uma corte de apelação.
O cumprimento da sentença começou em abril e Lula permanece desde então em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
O ex-presidente, de 72 anos, foi condenado por ser considerado beneficiário de um apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo, oferecido pela empreiteira OAS em troca de facilidades de contratos na Petrobras. Mas o dirigente, que enfrenta outras acusações, se declara inocente de todas e denuncia uma conspiração das elites para impedi-lo de voltar ao poder.
Paradoxalmente, a "Lei da Ficha Limpa" foi promulgada pelo próprio Lula no último ano de seu mandato.
- Sem Plano B -
Nem Lula, nem o PT deram sinais de ter um plano B, semeando perplexidade em possíveis aliados que esperam que o panorama fique mais claro para negociar pactos nas eleições de outubro, que vão eleger presidente, governadores, deputados e senadores.
O PT só inscreverá a candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 15 de agosto, último dia do prazo legal, em um marco de mobilização nacional.
A manobra busca estender ao máximo a vigência de uma candidatura improvável. E como o TSE deveria demorar alguns dias a analisar o caso, a tensão pode se prolongar pelo menos até a última semana de agosto.
O PT teria neste caso, se a candidatura de Lula for efetivamente impugnada, pouco mais de um mês para fazer campanha por um substituto antes do primeiro turno, em 7 de outubro.
- PT fragilizado -
O PT, que chegou a ser o maior partido de esquerda do Ocidente, venceu as últimas quatro eleições presidenciais, duas com Lula e outras duas com sua herdeira política, Dilma Rousseff, destituída em 2016 por um impeachment votado pelo Congresso, e substituída por seu vice-presidente, o conservador Michel Temer.
Nas eleições municipais de outubro daquele ano, sofreu uma derrota eleitoral catastrófica.
Muitos de seus dirigentes históricos estão investigados, acusados ou presos como resultado da operação 'Lava Jato', que desde 2014 investiga um gigantesco esquema de corrupção centrado na Petrobras, envolvendo empresários e políticos de praticamente todos os partidos.

Confira os instantâneos dos aspirantes ao Planalto

AFP / NELSON ALMEIDA, EVARISTO SA, Miguel SCHINCARIOLNa primeira fila, da esquerda para a direita: Luiz Inácio Lula da Silva; Henrique Meirelles; Ciro Gomes. Na segunda fila, da esquerda para a direita: Geraldo Alckmin; Marina Silva e Jair Bolsonaro
A eleição presidencial, com primeiro turno em 7 de outubro, é considerada a mais imprevisível em décadas. Segue um retrato dos principais aspirantes a subir em janeiro a rampa do Palácio do Planalto.
- Lula: preso, mas ainda favorito -
Ex-engraxate e metalúrgico, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou um dos presidentes mais populares do Brasil e agora quer voltar ao poder. O único problema é que ele cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por causa do apartamento tríplex no Guarujá, que ele teria recebido como propina da construtora OAS.
O ex-presidente de 72 anos insiste em que o caso foi forjado para tirá-lo da corrida presidencial. O fato é que a Lei da Ficha Limpa, condenados em segunda instância, como Lula, ficam impossibilitados de ser candidatos.
Lula, que governou de 2003 a 2010, apela da decisão e, mesmo preso, é o líder absoluto nas pesquisas de intenção de voto, que o colocam na liderança no primeiro turno e vencendo com facilidade no segundo.
No sábado, o Partido dos Trabalhadores (PT), cofundado por Lula, deve anunciá-lo como seu candidato à Presidência. Depois disso, caberá à Justiça decidir se ele poderá disputar as eleições.
- Bolsonaro: militar sem papas na língua -
Capitão do Exército na reserva, Jair Bolsonaro, de 63 anos, é frequentemente chamado de Donald Trump brasileiro, em alusão ao presidente americano criticado pelas posições extremas e declarações polêmicas.
Ele não só consegue sair incólume de declarações ultrajantes, mas também usa a atenção que desperta para se apresentar como um 'outsider' pronto a acabar com uma elite corrupta e incompetente. Os alvos favoritos de seus ataques são os gays, as mulheres e as vítimas de tortura durante a ditadura militar (1964-85).
Apesar da imagem de originalidade, construída nas mídias sociais, Bolsonaro integra a Câmara dos Deputados desde 1991.
No entanto, o candidato da ultradireita é uma exceção em meio aos muitos políticos investigados por corrupção, uma vantagem em um sistema no qual quase todos os partidos e grande parte do governo estão envolvidos em escândalos.
As pesquisas de opinião situam o candidato do Partido Social Liberal (PSL) em segundo lugar, atrás de Lula, embora não o coloquem como vencedor no segundo turno.
- Marina Silva: a sobrevivente -
Negra, ex-doméstica e livre de acusações de corrupção, Marina Silva (Rede) é uma política atípica no cenário nacional.
Aos 60 anos, ela superou uma infância difícil no Acre, foi companheira do líder seringueiro Chico Mendes (morto em 1988) na floresta amazônica e se tornou uma corajosa ambientalista, antes de entrar em um mundo político amplamente dominado por homens no Brasil e se tornar ministra do Meio Ambiente no governo Lula.
Tem no currículo bons desempenhos nas duas corridas presidenciais que disputou, em 2010 e 2014. No entanto, é frequentemente criticada por aparentemente silenciar nos intervalos entre campanhas e não deixar claras as suas posições.
Marina será anunciada candidata do partido Rede, que ela fundou, no sábado. Pesquisas de opinião a colocam próxima de Bolsonaro e possivelmente derrotando-o em uma disputa de segundo turno.
- Alckmin: o candidato sem carisma do 'centrão' -
Em um país exausto de escândalos e da crise econômica, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de 65 anos, apresenta a si próprio como o adulto do recinto. "Não sou showman", define-se com orgulho.
Pré-candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Alckmin está longe do 'outsider' que os analistas acreditam que os eleitores vão buscar nestas eleições. Atualmente, aparece com apenas um dígito nas intenções de voto.
Em sua primeira disputa presidencial, em 2006, foi derrotado no segundo turno por Lula, infinitamente mais carismático.
Desta vez, espera-se que sua candidatura ganhe força, após assegurar em julho o apoio do 'centrão', a aliança de partidos de centro-direita que domina o Congresso.
Isto faz dele o candidato-chave do establishment e, entre outras vantagens, vai lhe garantir um tempo especialmente longo de propaganda de rádio e TV.
Meirelles: o impopular homem das Finanças -
Até abril passado, Henrique Meirelles foi ministro da Fazenda do governo Michel Temer, o que lhe assegura uma dupla impopularidade: Temer é o presidente com maior rejeição da história do Brasil e a maioria dos brasileiros não gosta das tentativas de Meirelles de impor austeridade em um contexto de uma economia claudicante.
O trunfo do candidato de 72 anos pelo MDB é o apoio dos investidores em suas políticas de disciplina fiscal.
- Ciro Gomes: o esquerdista de língua ferina -
Alguns veem Ciro Gomes, que também disputou sem sucesso duas eleições presidenciais no passado, como alguém capaz de atrair os votos da esquerda no lugar do petista Lula, que está preso e ainda pode ter a candidatura impugnada.
Gomes, de 60 anos, é o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT). No entanto, outros partidos de esquerda se afastaram, deixando-o isolado.
É considerado um candidato com personalidade volátil, com um histórico de atacar com sua língua ferida qualquer um, de Lula a Temer, ou qualquer coisa, como a política nacional. Como resultado, sua estrela parece ter começado a perder o brilho.

copiado https://www.afp.com/es

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