Promotor que investiga encobrimentos na Igreja chilena tem vários bispos na mira

Promotor que investiga encobrimentos na Igreja chilena tem vários bispos na mira

AFP/Arquivos / CLAUDIO REYESEmiliano Arias (D), promotor a cargo das investigações por encobrimentos de abusos sexuais na Igreja chilena, em Santiago, em 12 de julho de 2018
O promotor Emiliano Arias, que centraliza as investigações por encobrimento de religiosos que abusaram sexualmente de menores, tem na mira vários bispos, após acusar o cardeal e arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati.
Outros bispos, cujas "ações estão sendo analisadas, também poderiam ser citados como acusados", adiantou em uma entrevista à AFP em seu escritório na Promotoria de Rancagua (80 km ao sul de Santiago), onde, na próxima terça-feira, ouvirá o depoimento do cardeal Ezzati - chefe da Igreja Católica chilena - na qualidade de acusado por encobrimento dos abusos.
Nessa diligência, o promotor terá que determinar se Ezzati "cumpriu ou não cumpriu com suas obrigações" de proteger as vítimas e com as normas eclesiásticas.
Contudo, diferentemente dos sacerdotes pedófilos, é pouco provável que vá à prisão, já que a "prisão preventiva é a medida mais grave do ordenamento processual antes da condenação" e é regida pelo princípio da "proporcionalidade".
"A pena do acobertador é inferior em dois graus (à do) crime cometido pelo autor", detalhou.
A maior parte dos documentos que permitiu intimar o cardeal foi coletada em uma inspeção no Arcebispado de Santiago após a negativa da Igreja de entregar à Justiça a documentação das diligências canônicas solicitadas, amparando-se muitas vezes no respeito às vítimas.
"O que a Igreja tinha que fazer era denunciar imediatamente. Seu interesse é que isso pare", declarou, antes de assinalar que o fato de "não ter a obrigação de denunciar não significa que seja proibido" fazê-lo.
Até agora, cinco bispos renunciaram a seus cargos e o sacerdote Oscar Muñoz - ex-braço direito de Ezzati - está em prisão preventiva pelo abuso de ao menos sete menores.
A Promotoria mantém abertas 83 investigações por abuso sexual dentro da Igreja Católica, das quais o promotor Arias está à frente de 19.
- Julgamentos em seis a oito meses -
Os primeiros julgamentos de casos concretos de sacerdotes acontecerão "em um prazo de seis a oito meses", estima o promotor, que acredita que os dos acobertadores demorarão mais tempo, consciente que será "dificílimo" comprovar o crime.
O fato de uma pessoa "ser acusada de acobertador não significa que esteja condenada", adverte, acrescentando outra dificuldade: no Chile "não há jurisprudência ou antecedentes que falem de responsabilidade penal" neste tipo de delito.
Não obstante, se ampara em uma carta que o papa Francisco enviou aos bispos chilenos na qual denuncia uma "cultura do encobrimento, do abuso sexual, de crimes" para colocar a hierarquia no banco dos réus.
Desde 1960, ao menos 158 bispos, sacerdotes e outros religiosos foram ou estão sendo investigados por abusos sexuais no Chile, de acordo com o Ministério Público, que tem prova de 266 vítimas, 178 delas menores e adolescentes.
Mas este número é "difícil de quantificar", pois aumenta a cada vez que mais pessoas "se aproximam" da Promotoria para denunciar.
- Outra Pensilvânia no Chile? -
Arias não acredita que o caso chileno seja similar ao da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde uma investigação identificou mais de 300 padres que abusaram sexualmente de mais de 1.000 vítimas durante décadas, e que foram acobertados pelas autoridades eclesiásticas.
"Esperamos que seja diferente porque aqui as autoridades encarregadas da perseguição penal pública agiram" contra os autores, estimulados pelo "empoderamento" das vítimas que lutaram para que os culpados sejam julgados, além da "força das organizações de leigos que se converteram em atores que são ouvidos na tomada de decisão por parte da autoridade pública".
"Tudo ocorre no lugar certo e no momento certo", declara. A isso, soma a reivindicação da população que "quer justiça, quer investigação", sustenta.

Apagão no centro de Caracas gera protesto

AFP/Arquivos / GEORGE CASTELLANOS(Fevereiro) Gráfica de San Cristóbal às escuras durante apagão na Venezuela
Moradores do centro de Caracas protestaram na noite desta quinta-feira, nos arredores do palácio presidencial de Miraflores, por um apagão na área, e foram reprimidos por forças militares, informou a ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS).
"Houve repressão da Guarda Nacional com gás lacrimogêneo e golpes", disse à AFP Marco Ponce, coordenador da ONG.
Ponce denunciou que membros da Guarda Nacional "roubaram" telefones de pessoas que "estavam documentando o protesto".
Moradores de Altagracia e de outros bairros populares próximos ao Miraflores iniciaram o protesto diante de um apagão de mais de 24 horas, disse o ativista opositor Carlos Julio Rojas.
"Queremos luz!" - gritavam os manifestantes, segundo vídeos divulgados pela imprensa local.
Pneus foram queimados na região e também ocorreu um 'panelaço'.
"Eles não solucionam. Perseguem, reprimem e prendem" - escreveu no Twitter o deputado opositor Juan Guaidó ao condenar a atuação da Guarda Nacional.
Os apagões são comuns na Venezuela, especialmente nos estados de Zulia, Táchira, Mérida e Trujillo (oeste).
O governo atribui a situação a "sabotagens", mas especialistas afirmam que o problema é a falta de manutenção nas instalações geradoras de energia.
A Venezuela atravessa uma profunda crise econômica, com uma inflação projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI, e escassez de alimentos e medicamentos.
copiado  https://www.afp.com/pt/

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