Turma do Temer acha que Cunha está morto. Mas há mortos-vivos, bem vivos Fábio Cleto, o “abridor de cofres” de Cunha, passaria na “Lei da Meritocracia das Estatais”

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Turma do Temer acha que Cunha está morto. Mas há mortos-vivos, bem vivos

Na edição de hoje de O Globo, das repórteres Júnia Gama e Cristiane Jungblut diz que Planalto vê ‘pá de cal’ para Cunha após prisão de doleiro, informando que a  detenção de  Lúcio Bolonha Funaro  “deve...
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Na edição de hoje de O Globo, das repórteres Júnia Gama e Cristiane Jungblut diz que Planalto vê ‘pá de cal’ para Cunha após prisão de doleiro, informando que a  detenção de  Lúcio Bolonha Funaro  “deve sepultar de vez as tentativas” do Presidente afastado da Câmara “de driblar as acusações de envolvimento com o esquema de corrupção investigado na operação Lava-Jato”.
Mas, com isso, vem o medo:
“O temor no governo é com a reação que Cunha pode ter a este novo fato. Diariamente, chegam ao Planalto e ao Congresso relatos de que Cunha estaria negociando com a Justiça para tentar preservar sua mulher, Cláudia Cruz, ré por lavagem de dinheiro e evasão de divisas na operação Lava-Jato, e sua filha Danielle Dytz, também investigada na operação.
— Prenderam o Funaro para pegar o Eduardo Cunha. Ele está muito preocupado com a mulher e com a filha e nós sabemos que está negociando para aliviar o quadro delas. O que não se sabe é o que ele vai oferecer em troca. Ele sempre diz que não pretende expor ninguém, mas, em um momento de destempero, ninguém sabe o que pode sair — afirma uma fonte do Planalto.
No Brasil do “entrega os outros senão de deixo na cadeia” – quem diz não sou eu, mas o Ministro Marco Aurélio, do Supremo: “prende-se até mesmo para se fragilizar um homem e se lograr a delação premiada. E enquanto não delata, não é libertado” –  o problema é se interessa a quem ele tem para entregar.
Se os peixinhos, se os peixões.
Como se canta nas brincadeiras infantis, neste país imbecilizado: “vai depender, vai depender, vai depender se o MP vai querer”
cleto

Fábio Cleto, o “abridor de cofres” de Cunha, passaria na “Lei da Meritocracia das Estatais”

Ontem, cedinho, escrevi aqui que a simples exclusão daqueles  que vieram da política e sua substituição por “técnicos” não tinha senão um significado demagógico sob o ponto de vista da honradez no trato do...


cleto
Ontem, cedinho, escrevi aqui que a simples exclusão daqueles  que vieram da política e sua substituição por “técnicos” não tinha senão um significado demagógico sob o ponto de vista da honradez no trato do dinheiro público.
Infelizmente, nas primeiras horas da manhã, os fatos confirmaram aquilo que eu dissera.
Fábio Cleto, a nova estrela da constelação dos delatores, é um técnico, jamais teve militância política.
Eu o vi algumas vezes, a caminho das reuniões do Conselho do FGTS, onde era representante da Caixa.
Tudo o fazia “respeitável”: de pouco falar, discreto, a aparência yuppie, os ternos bem cortados rosto e cabelo alinhados, bem diferentes do jeitão mal-ajambrado daqueles velhos esquerdistas aos quais os “bacanas” torciam o nariz.
O currículo dele ainda está no Linkedin, devidamente em inglês: bacharel pela FGV, Master Science pela USP. com passagens relativamente longas pelos bancos ABC Roma (Roma não é a cidade, mas a junção das sílabas iniciais de Roberto Marinho), Nacional, Multiplic, Brascan, Dresdner Bank, Itaú e uma corretora, a Aquitaine.
Perfeito. Cleto não se metia em “política”  nem tratava de propina.
Mas é um ladrão e era uma gazua para ladrões muito maiores.
Repassando: Cleto passava a Eduardo Cunha a lista de quem se candidatava a empréstimos do Fundo de Investimentos do FGTS, Cunha extorquia as empresas onde via chance de fazê-lo, passava ao “técnico” a orientação de aprovar ou “melar” a operação, sempre “tecnicamente”, apanhava-se o dinheiro e o rapaz recebia sua parte em contas de offshores na Suíça e no Uruguai.
É óbvio que nem todo profissional “de mercado” é corrupto ou cúmplice de corruptos. Conheço muitos e não me envergonho de dizer que tenho  vários  amigos entre eles, aos quais considero gente correta e de princípios, à parte diferenças ideológicas.
Mas a lógica do “mercado” é, porque é a de ganhar dinheiro aproveitando oportunidades.
Cleto aproveitou a dele e alguns milhões amealhou com isto (duvido muito que todos devolvidos à Justiça).
Vai sair disso com uma tornozeleira e uma vida bem mais folgada que a de uma geração de militantes políticos que, se muito, chega à velhice com um apartamento modesto e alguns cobres guardados para  o hospital ou a decrepitude, um dos dois algum dia inevitável.
O vilão – e o é, e muito – é Eduardo Cunha. O delator, nossa nova modalidade de herói midiático-judicial, é quase um herói.
O endeusamento desta modalidade de “virtude” é algo tão perigoso e daninho quando achar que, na tecnocracia, não viceja, também, a cle(p)tocracia.
A política, longe de ser a promotora da corrupção, é um mecanismo de controle dos desvios próprios da natureza humana, porque os coloca sob o crivo do julgamento coletivo e social.
Crivo que não haverá se os partidos políticos são destruídos e o que valer para a eleição for ter mais e melhores cletos.
copiado  http://www.tijolaco.com.br/blog/

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