Economia
Investigação de fraude em fundos de pensão envolve 40 pessoas
Juiz proíbe investigados de exercer atividades no mercado financeiro e manter contato entre si
por Gabriela Valente / Danielle Nogueira
05/09/2016 14:57 / Atualizado 05/09/2016 17:41
Wesley Batista, da J&F, dona de empresas como JBS e Alpargatas - Paulo Fridman / Bloomberg
BRASÍLIA - A Operação Greenfield investiga fraude em “pelo menos” oito fundos de investimentos. De acordo com o despacho do juiz, ao qual O GLOBO teve acesso, 40 pessoas são investigadas por gestão temerária e fraudulenta nos fundos de pensão. São gestores, corretores e grandes empresários que aplicavam em Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) Cevix, Multiner, Sondas, OAS Empreendimentos, Enseada, RG Estaleiros, Florestal e Global Equity. Além dos casos que envolvem os fundos de participação, os investigadores também identificaram outros dois casos de irregularidades. Um deles é a Invepar, onde houve investimentos dos fundos de pensão. Há ainda a alienação subfaturada de salas no edifício da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, pela Funcef com "total desprezo para com o patrimônio do Fundo de Pensão".Segundo o juiz Vallisney de Souza Oliveira, consta nos autos que os investimentos feitos foram precedidos de “avaliações econômico-financeiras irreais e tecnicamente irregulares tendo como objetivo real superestimar o valor dos ativos da empresa, aumentando, de forma artificial, a quantidade total que o próprio fundo de pensão precisa pagar para adquirir a participação acionária indireta na empresa, que é realizada com objetivos semelhantes aos conhecidos ‘superfaturamento’ de obra pública, no qual valor de uma obra é superestimado a fim de justificar um pagamento a maior por parte do poder público ou dos fundos de pensão”. Segundo o despacho do juiz, Gustavo Nunes da Silva Rocha, diretor-presidente da Invepar, foi "um dos responsáveis, pelo grupo OAS, da captação criminosa de capital dos Fundos de Pensão para a Invepar". O texto diz ainda que o ex-presidente da Previ Sergio Rosa "teria recebido por meio da empresa R.S. Consultoria e planejamento Empresarial vantagem pecuniária indevida da OAS para que a Previ realizasse investimentos do interesse da OAS (no caso Invepar)".
Em vez de prisão preventiva, o juiz deu medidas cautelares alternativas. Suspendeu o exercício de qualquer atividade no mercado financeiro, em direção de empresa ou em função pública, direção ou gerência e até em conselhos em entidades de previdência complementar. Proibiu todos os 40 investigados de manter qualquer tipo de comunicação seja por telefone, e-mail e até mesmo por meio de redes sociais com os demais investigados. Não podem ainda entrar nos prédios da Funcef, Petros e Postalis e nem saírem da cidade em que moram sem autorização judicial.
Os passaportes dessas pessoas deveriam ter sido apreendidos, segundo o juiz. Ele ainda autorizou a condução coercitiva de todos os investigados.
São investigados pelo Ministério Público Federal (MPF): Adilson Florêncio da Costa (ex-diretor do Postalis), Alexei Prestechensky (ex-presidente do Postalis), Antonio Bráulio de Carvalho (ex-diretor da Funcef), Antônio Geraldo Queiroz Nogueira (diretor-executivo da CBTD por apresentar a proposta para a Funcef investir em sua empresa pelo FIP Enseada), Carlos Alberto Caser (ex-presidente da Funcef), Carlos Augusto Borges (diretor da Funcef), Carlos Fernando Costa (ex-presidente da Petros), Carlos Frederico Guerra Andrade (diretor jurídico da OAS), Carlos Henrique Figueiredo (sócio e diretor da Multiner), Cláudia Regina Kanan Diniz (gerente-sénior da Deloitte Touche Tohmatsu), Cristiano Kok (sócio da Engevix), beneficiária do Fip Cevix), Demósthenes Marques (ex-diretor da Funcef), Eduardo Montalban (diretor da Planner, que administra do FIP Multiner), Eduardo Costa Vaz Musa (ex-diretor da Sete Brasil, beneficiária do FIP Sondas).
São investigados ainda Eugênio Emílio Stalbi (presidente da Gradiente), Fábio Miamoni Gonçalves (ex-coordenador da Funcef), Gerson de Melo Almada (ex-vice presidente da Engevix), Guilherme Narciso de Lacerda (ex-presidente da Funcef), Gustavo Nunes da Silva Rocha (diretor-presidente da Invejar), Humberto Bezerril Gargiulo (Sócio da Upside Finanças), Humberto Pires Grault Viana de Lima (Funcionário da Petros), João Carlos de Medeiros Ferraz (ex-presidente da Sete Brasil), Joesley Mendonça Batista (responsável pela J&F Investimentos), Jorge Almicar Boueri da Rocha (sócio e diretor da Multiner), José Aldemário (Léo) Pinheiro (dono da OAS), José Antônio Sobrinho (sócio da Engevix), José Carlos Alonso Gonçalves (ex-diretor da Funcef), José de Carvalho Júnior (sócio da da Deloitte Touche Tohmatsu), Júlio Ferreira Cardozo Júnior (ex-diretor da Vitória Asset Management), Luiz Carlos Fernandes Afonso (ex-presidente da Petros), Luiz Philippe Peres Torelly (ex-presidente da Funcef), Manuela Cristina Lemos Marçal (ex-gerente da Petros), Maurício Marcellini Pereira (ex-diretor da Funcef), Newton Carneiro da Cunha (ex-diretor da Funcef), Pieter Jacobus Marie Freriks (sócio da da Deloitte Touche Tohmatsu), Sérgio Ricardo da Silva Rosa (ex-presidente da Previ), Telmo Tonolli (presidente da OAS), Wagner Pinheiro de Oliveira (ex-presidente da Petros), Walter Torres Júnior (empresário do grupo W-Torre), Wesley Mendonça Batista (irmão de Joesley e também responsável pelo grupo J&F).
“Considero que as pessoas acima elencadas tiveram atuação relevante na ocorrência dos supramencionados fatos ilícitos envolvendo os fundos de pensão”, disse o juiz no despacho obtido pelo GLOBO.
POSICIONAMENTOS
A Invepar, que administra o Metrô Rio, a Linha Amarela e o VLT, além de integrar o consórcio que opera o aeroporto de Guarulhos, confirmou que agentes da Polícia Federal estiveram na sede da empresa, no Rio, e de sua subsidiária, a GRUPar - que opera o aeroporto paulista -, em São Paulo, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Em nota, a Invepar disse ainda que toas das suas 12 concessões estão "em fase operacional". A Sete Brasil não fez comentários sobre a operação da PF.
Justiça determina bloqueio de R$ 8 bilhões
Mais de 100 pessoas físicas e jurídicas são atingidas05/09/2016 7:32 / Atualizado 05/09/2016 15:17
Policiais federais chegam à Superintendência da PF em Brasília com apreensões da Operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão - André Coelho/Agência O Globo
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BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta segunda-feira a Operação Greenfield em oito estados e no Distrito Federal para apurar crimes de gestão temerária e fraudulenta contra Funcef, da Caixa Econômica Federal; Petros, da Petrobras; Previ, do Banco do Brasil; e Postalis, dos Correios — quatro dos maiores fundos de pensão do país. O Ministério Público calcula que o rombo provocado pelas fraudes e má gestão chegue a R$ 50 bilhões. O cálculo é baseado em informações da Previdência.Cerca de 560 policiais estão nas ruas para cumprir um total de 127 mandados judiciais expedidos pela 10ª Vara Federal de Brasília. Sete deles são de prisão temporária, 106 de busca e apreensão e 34 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal.
A Justiça determinou também o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas no valor aproximado de R$ 8 bilhões. Além dos policiais, 12 inspetores da CVM, quatro procuradores federais da CVM, oito auditores da Previc e sete procuradores da República também participam da operação desta segunda-feira.
Na sede do Postalis, em Brasília, apenas os funcionários ligados à área de investimentos foram autorizados a entrar. Chegaram a chamar um chaveiro para abrir gavetas com documentos. A reunião do Conselho Deliberativo, que aconteceria no prédio às 14h, foi transferida para a sede dos Correios. Alexej Predtechensky (Russo), ex-presidente do fundo apontado pela PF e Ministério Público Federal como um dos responsáveis por fraude no fundo, foi levado por agentes da PF em condução coercitiva.
Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, também foi conduzido para dar esclarecimentos o ex-diretor de investimentos Adilson Florêncio da Costa, que recentemente já tinha sido alvo de outra operação da PF. Florêncio da Costa tinha sido preso em junho na Operação Recomeço. O caso ficou famoso por o executivo ser o pivô de uma das histórias famosas de Brasília: o garoto que foi salvo por um bombeiro do poço das ariranhas do zoológico da capital federal nos anos 80.
Na operação desta segunda-feira, um dos focos da PF é o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Multiner, de acordo com uma fonte a par dos bastidores do trabalho da PF.
Segundo uma fonte ligado à Petros, também estão no foco da PF os investimentos feitos pelo FIP Enseada, que investiu R$ 68,5 milhões na Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), da marca Gradiente. Segundo nota em seu site, a Petros fez um investimento em 2011 subscrevendo 25% das quotas do FIP Enseada. Ela fez o aporte juntamente com a Funcef, com a Agência de Fomento do Amazonas (Afeam) e com a Jabil, empresa que era credora da Gradiente.
Os outros FIPs envolvidos são o Sondas (investimento na Sete Brasil), Global Equity (imobiliário) e o Florestal (de Petros e Funcef, que detém participação de 17,06% na Eldorado).
EXECUTIVOS DA JBS
A Justiça Federal também determinou a condução coercitiva dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo J&S, que detém empresas como a JBS, Vigor e Alpargatas. Wesley já prestou depoimento na superintendência da PF em SP e já deixou o local. Já Joesley está no exterior e por isso o pedido de condução coercitiva não foi cumprido.
A operação da PF inclui as empresas J&F Investimentos e Eldorado Celulose. Wesley é membro da família Batista, controladora da J&F, que por sua vez controla a Eldorado Celulose. Representantes da J&F afirmaram que a operação da PF não envolve a processadora de carne JBS, da qual Wesley é presidente-executivo.
Apesar disso, a JBS tinha a maior queda do Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, após Wesley Batista ser conduzido para depor em operação da PF. As ações da empresa na Bolsa de São Paulo recuavam 3,85% às 15h15.
A J&F diz que sua controlada, a Eldorado Celulose recebeu em 2009, por meio de um Fundo de Investimento em Participações (FIP), R$ 550 milhões da Funcef e da Petros e que esses recursos, atualizados, chegavam a R$ 3 bilhões em dezembro de 2015 — segundo laudo independente que teria sido feito pela Deloitte.
Também já prestaram depoimentos em São Paulo Renata Marotta, da Funcef, e Gerson Almada, ex-vice-presidente da Engevix e que já foi preso no âmbito da operação Lava Jato.
No início da tarde, também citado na Greenfield, o empresário Walter Torre, da construtura W.Torre, prestava esclarecimentos na PF. Em nota, o Grupo WTorre esclarece que a companhia não teve e não tem nenhuma relação direta com nenhum dos fundos de pensão citados na Operação Greenfield. O texto explica que a empresa não tem negócios na esfera do poder público. Além disso, diz a nota, a companhia e seus executivos estão, sempre que solicitados, à disposição da Justiça e demais autoridades.
LÉO PINHEIRPO É PRESOO empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, foi um dos alvos de mandado de condução coercitiva em meio às investigações da Operação Greenfield. Paralelamente, Pinheiro foi detido em São Paulo, onde cumpria prisão domiciliar. A detenção foi expedida pela 13ª Vara Federal de Curitiba, como parte da Operação Lava-Jato.
De acordo com o G1, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também foi alvo da Operação Greenfield. Contra ele haveria um mandado de busca e apreensão.
NO RIO, ECONOMISTA É PRESO
No Rio de Janeiro, o alvo do mandado de prisão temporária é o economista Humberto Pires Grault Vianna de Lima, que passou pelos fundos de pensão da Caixa (Funcef), da Petobras (Petros) e de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp).
Durante sua passagem pela Petros, Pires ajudou a criar o fundo de investimentos da Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo, ligada ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
O economista trabalhou ainda em dois fundos de investimentos criados em uma parceria entre a Petros e o banco BVA, tornando-se eventualmente diretor da Vitória Asset Management, subsidiária do banco. O BVA sofreu intervenção do Banco Central em 2012, depois de detectadas "graves violações às normas legais", mas Pires Grault não teve os bens bloqueados, como outros dirigentes, por já ter deixado o banco havia mais de um ano.
Um dos membros de fundo de pensão que foram alvos de condução coercitiva é Antonio Braulio de Carvalho, ex-diretor da Funcef. Bráulio hoje é presidente da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar). Os agentes da PF ainda cumprem mandados de busca e apreensão na sede da Funcef em Brasília.
SANTANDER E BRADESCO
A PF também fez buscas por documentos em bancos. Um deles foi a sede do Santander Brasil, em São Paulo. “A Polícia Federal solicitou ao Santander o fornecimento de alguns documentos relacionados aos fundos Funcef, Global, Petros, Previ e à Sete Brasil", informou o banco, em nota. "Fundamental esclarecer que essas investigações não têm qualquer relação com o Santander, mas sim com os referidos fundos.”
A PF também buscou documentos nas sedes da BEM Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários e da gestora de recursos Bradesco Asset Management, ambas do grupo Bradesco.
“A BRAM e a BEM, na qualidade de prestadores de serviços para terceiros, respectivamente para gestão e administração de fundos de investimentos, informam que seguem estritamente o regulamento dos fundos sob sua gestão e administração e as regras definidas pelos reguladores. Acrescentam ainda que estão prestando toda a colaboração requerida pelas autoridades", informou, em nota, o banco.
A PF também realizou busca de documentos por duas horas na sede da Rio Bravo Investimentos no Rio, informou a gestora. Segundo a assessoria de imprensa da companhia, não houve qualquer mandado de prisão ou de condução coercitiva relacionado à gestora.
"A Rio Bravo tem poucas relações com os fundos de pensão que são objeto desta investigação, mesmo trabalhando com a maior parte das empresas deste segmento, sempre com lisura, ética e total observância à legislação. A Rio Bravo fará tudo a seu alcance para apoiar as ações das autoridades brasileiras no combate a práticas ilegais de agentes públicos e privados, e está totalmente à disposição para prestar informações e auxiliar as investigações”, afirmou, em nota, a gestora.
Além de PF e Ministério Público Federal, a ação conta com o auxílio técnico da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
NÚCLEOS E AÇÃO EM JUNHO
Nas investigações, foram identificados um núcleo empresarial, um núcleo dirigente de fundos de pensão, um núcleo de empresas avaliadoras de ativos e um núcleo de gestores e administradores dos FIPs. Segundo a PF, os investigados podem responder por gestão temerária ou fraudulenta, além de outros crimes contra o Sistema Financeiro Nacional previstos na lei nº 7.492/86.
Em junho deste ano, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal já haviam deflagrado uma operação para investigar suspeita de desvio de recursos dos fundos de pensão Petros e Postalis na aquisição de debêntures do Grupo Galileo, com mandados de prisão para sete pessoas, incluindo o ex-diretor financeiro do Postalis Adilson Florêncio da Costa.
O nome da operação, Greenfield, faz menção a investimentos que envolvem projetos iniciais, ainda no papel, como se diz no jargão dos negócios. Um empreendimento já em operação, por outro lado, é chamado de brownfield.
O QUE DIZEM OS FUNDOS
Segundo a Previ, nenhum integrante do fundo de pensão foi alvo de mandado de prisão ou de condução coercitiva. Em nota, o fundo informou que a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da entidade no Rio. De acordo com o comunicado, "toda a documentação requerida foi disponibilizada".
"Ressaltamos que, no âmbito da CPI dos Fundos de Pensão concluída recentemente na Câmara dos Deputados, o relatório final da investigação confirmou a boa governança da PREVI. Nenhum dirigente ou executivo da Entidade estava entre as pessoas indiciadas pela comissão, assim como qualquer constatação de irregularidades do fundo", afirmou o fundo de pensão.
Em nota, o Postalis informou que "já se colocou à disposição das autoridades e tem todo interesse que os fatos investigados sejam esclarecidos com celeridade". A PF esteve na sede da fundação na manhã desta segunda-feira.
“A Polícia Federal solicitou ao Santander o fornecimento de alguns documentos relacionados aos fundos Funcef, Global, Petros, Previ e à Sete Brasil", informou o banco, em nota. "Fundamental esclarecer que essas investigações não têm qualquer relação com o Santander, mas sim com os referidos fundos.”
Investigação mira aportes em fundos de investimentos
05/09/2016 13:44 / Atualizado 05/09/2016 16:17Árvores de eucalipto - Dado Galdieri / Bloomberg
BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - A ação da Polícia Federal deflagrada nesta segunda-feira para apurar crimes de gestão temerária e fraudulenta nos quatro dos maiores fundos de pensão do país é baseada em dez casos revelados a partir do exame dos déficits bilionários dos fundos de pensão. Oito casos são relacionados a investimentos feitos de forma temerária ou fraudulenta por Funcef, da Caixa Econômica Federal; Petros, da Petrobras; Previ, do Banco do Brasil; e Postalis, dos Correios, por meio de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs). O Ministério Público calcula que o rombo provocado pelas fraudes e má gestão chegue a R$ 50 bilhões.
Um deles é o FIP Enseada, que investiu R$ 68,5 milhões na Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), da marca Gradiente. Segundo nota em seu site, a Petros fez um investimento em 2011 subscrevendo 25% das quotas do FIP Enseada. Ela fez o aporte juntamente com a Funcef, com a Agência de Fomento do Amazonas (Afeam) e com a Jabil, empresa que era credora da Gradiente. Como o retorno da Gradiente não foi bem sucedida, o investimento dos fundos virou pó. Segundo relatório final da CPI dos Fundos de Pensão, a Petros alienou suas cotas em 2014 por valor simbólico de R$ 0,25, enquanto a Funcef o fez por R$ 1.
Os outros FIPs envolvidos são o Multiner (geração de energia), Sondas (investimento na Sete Brasil), Global Equity (imobiliário) e o Florestal (de Petros e Funcef, que detém participação de 17,06% na Eldorado).
Um dos focos da PF é o FIP Multiner, de acordo com uma fonte a par dos bastidores do trabalho da PF. Constituído em 5 de novembro de 2008, para investir na empresa de mesmo nome, com objetivo de viabilizar projetos na área de energia, o fundo é um dos principais alvos da operação da PF, segundo funcionários dos fundos de pensão. Segundo relatório final da CPI dos fundos de pensão, desde o início, o FIP “mostrava-se um investimento de alto risco e baseado muito mais em desejos dos seus organizadores do que em projetos reais”.
Com o fiasco da maioria dos projetos e com o elevadíssimo prejuízo nas operações da empresa alvo do FIP, a Multiner, em 2012, “ao invés de vender as poucas usinas operacionais no intuito de minimizar o prejuízo e saldar suas dívidas, os Fundos de Pensão caminharam na contramão e investiram mais R$ 391,6 milhões, além dos R$ 430,7 milhões que já haviam investidos inicialmente”, diz o relatório.
Segundo a CPI, a justificativa dada pelos fundos para investir mais recursos no FIP foi a entrada de um grupo, o Bolognese, que por ter experiência na área, iria viabilizar o negócio e recuperar os prejuízos. No entanto, mesmo após a mudança no controle acionário, a empresa continua dando prejuízo. O fundo hoje é administrado pela Planner Corretora. Segundo uma fonte ligado à Petros, também estão no foco da PF os investimentos feitos pelo FIP Enseada, que investiu R$ 68,5 milhões na Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), da marca Gradiente. Segundo nota em seu site, a Petros fez um investimento em 2011 subscrevendo 25% das quotas do FIP Enseada. Ela fez o aporte juntamente com a Funcef, com a Agência de Fomento do Amazonas (Afeam) e com a Jabil, empresa que era credora da Gradiente.
Como o retorno da Gradiente não foi bem sucedida, o investimento dos fundos virou pó. Segundo relatório final da CPI dos Fundos de Pensão, a Petros alienou suas cotas em 2014 por valor simbólico de R$ 0,25, enquanto a Funcef o fez por R$ 1.
Dos FIPs investigados pela operação da PF, o maior é o da Eldorado Celulose, com um patrimônio líquido de R$ 6,299 bilhões, segundo os dados mais recentes disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Petros e a Funcef possuem uma participação de 17,06% nesse fundo.
Já o FIP da Multiner, empresa que possui projetos de geração de energia térmica e eólica, tem um patrimônio de R$ 1,265 bilhão. O da Sondas, para a construção de sondas da Sete Brasil, tem, segundo a CVM, um patrimônio de R$ 616,9 milhões.
J&F e Eldorado são alvos de operação da Polícia Federal
por Lauro Jardim Fazem parte da J&F desde JBS, Vigor e Banco Original até AlpargatasAção da JBS cai na Bovespa; dólar comercial acentua valorizaão
Bolsa ganha 0,52% e se aproxima da barreira de 60 mil pontosDólar fecha em alta de 0,9%, a R$ 3,283; ações da JBS despencam 10%
Após se aproximar de 60 mil pontos, Bovespa zera ganhos
05/09/2016 9:32 / Atualizado 05/09/2016 18:04- Xaume Olleros / Bloomberg News/20-7-2015
RIO - O dólar comercial fechou em alta de 0,92%, nesta segunda-feira, cotado a R$ 3,283, na contramão da tendência global, com as tensões políticas pesando contra a moeda brasileira. Depois de se aproximar dos 60 mil pontos — chegou a 59.985 pontos —, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) zerou os ganhos e fechou com oscilação negativa de 0,08%, com investidores cautelosos diante do noticiário local, dominado pela operação Greenfield, num dia em que o mercado americano se restringiu à negociação de futuros de índices, devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA, o mercado segue o noticiário interno. Atingida pelo noticiário sobre a Operação Greenfield, a JBS despencou, a R$ 11,20. Os papeis já registram desvalorização de cerca de 4% ao longo do dia, após a Justiça determinar a condução coercitiva dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS-Friboi. Mas as perdas se aprofundaram depois que os irmãos foram afastados da direção das empresas.
As ações do Banco do Brasil, patrocinador do Previ, um dos fundos de pensão que têm aplicações investigadas pela Polícia Federal, operam com estabilidade, após cair 0,5%.
— Se um fundo de pensão tem um rombo, a patrocinadora precisa injetar dinheiro para sanar o problema — comenta Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos. — No caso da Previ, é o Banco do Brasil.
Além disso, o volume de negócios é baixo na Bovespa, devido ao feriado nos EUA, que limita as operações aos futuros de índice em Nova York — ainda assim, estes operam com estabilidade. Assim, os investidores aproveitam para embolsar os lucros.
A Petrobras ON (ações ordinárias, com direito a voto) opera em alta de 2,87%, a R$ 16,08, favorecida pelas notícias de acordo entre países produtores de petróleo, que deve estabilizar o preço da commodity no mercado internacional. O WTI tem alta de 1,64%, com o barril cotado a US$ 45,17 mas no início do dia chegou a mostrar alta de mais de 4%. O Brent, referência para o mercado brasileiro, ganha 1,71%, a US$ 47,63.
DÓLAR EM QUEDA NO MERCADO GLOBAL
No mercado internacional, as moedas de mercados emergentes avançam, com investidores apostando que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, tende a adiar a alta dos juros devido aos números decepcionantes de criação de emprego, anunciados na semana passada. O incremento nos juros dos EUA deve reduzir a liquidez global, que, atualmente, favorece os mercados emergentes, onde os agentes vão buscar rentabilidade maior.
No Brasil, o dólar oscilou entre R$ 3,248 e R$ 3,284. Em três pregões, a moeda americana acumula valorização de 1,64%.
A cesta de 20 moedas emergentes da Bloomberg avança 0,2% contra a divisa.
No Brasil, porém, preocupações com a tensão política, que podem prejudicar o ajuste fical e atrasar a retomada da economia, mantêm os investidores cautelosos. Nesta terça-feira, sai a ata da última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que dará indicações de como a autoridade monetária enxerga as perspectivas para a economia brasileira. No último encontro, o BC manteve a taxa Selic (referência de juros no país) inalterada, em 14,25%.
Também contribui para o câmbio em alta a colocação, pelo Banco Central, de dez mil contratos de swap reverso, no total de US$ 500 milhões, operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro e tende a sustentar a cotação da moeda estrangeira.
— Esse ruído político contínuo parece estar pesando um pouco nos ativos brasileiros, embora ainda seja cedo demais para dizer que as reformas econômicas necessárias não serão aprovadas — disse Mauricio Oreng, estrategista senior do Rabobank em São Paulo, à Bloomberg News.
Neste ano, os ativos brasileiros foram os que mais ganharam, globalmente, com a valorização apoiada na expectativa de que o país vai deixar para trás a pior recessão em um século. Os CDS (credit default swaps, que indicam o diferencial de juros pago por um país e aferem a segurança oferecida por uma economia) caem um ponto, a 257,24, indicando confiança.
O petróleo subia forte no início da manhã — após Arábia Saudita e Rússia terem fechado acordo, no fim de semana, para estabilizar preço do petróleo e pedindo a adesão do Irã —, mas agora reduziu a valorização. Os dois países concordaram com a criação de um grupo de trabalho que se encontrará e monitorará regularmente o mercado da commodity, mas não chegaram a um acordo para o congelamento da produção de petróleo.
O minério de ferro fechou hoje em baixa de 0,25% na China, a US$ 59,24, mas, nos últimos cinco dias, ainda acumula alta de 0,46%.
MERCADO INTERNACIONAL
Na Europa, o FTSE 100 cai 0,22%, em Londres. O CAC 40 da apresenta queda de 0,02%, em Pari. O DAX ganha 0,11%, em Frankfurt. O IBEX 35 valoriza 0,48% em Madri.
Na Ásia, o índice Nikkei 225 fechou em alta de 0,66%, em Tóquio. Em Hong Kong, o índice Hang Seng encerrou em alta de 1,65%. Na Austrália, o índice ASX200 subiu 1,06%. Na China, o índice Shangai Composite caiu 0,15%.
copiado http://oglobo.globo.com/brasil/
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