Ilustração: Kleber Sales
Presidente da Riachuelo, terceira maior rede de moda do País, o
ex-deputado Flávio Rocha comemora a mudança de ciclo político com a
posse do presidente Michel Temer. Para ele, o Brasil tem a oportunidade
de sair da crise econômica e defende a reforma das leis trabalhistas.
Segundo Rocha, falta bom senso nessa legislação e sobra regulação.
“Tenho um call center em Natal, com 1.500 funcionários, e o Estado
define qual é a temperatura que tenho que colocar no termostato lá”,
reclama, comparando as regras existentes a um “manicômio trabalhista”.
Mudança de governo
É uma troca de ciclo. É uma virada de página. A gente sai de um ciclo
aonde a grande característica, e isso nos custou muito caro, é a total
ausência de um projeto. Não existia um projeto. Era um governo tão
heterogêneo que ia de Arno Augustin ou Miguel Rossetto a Joaquim Levy ou
Guilherme Afif. Que propósito pode incluir visões tão distintas de
mundo?
Ponto de partida
Temos de aprovar a PEC do teto de gastos. O grande fator de perda da
competitividade que nos tirou do jogo nesses anos foi o crescimento
desmesurado do gasto público.
Day after
Haverá uma retomada mais rápida do que se imagina. Tem muito mais
dinheiro fora do governo no que dentro dele. O Estado está tão
depauperado que vai demorar para readquirir capacidade de investir. É
tipo o porta-aviões Minas Gerais com sua ferrugem, as caldeiras em pane.
Vai demorar para consertar. Mas não é por aí. O porta aviões fica
irrelevante. A gente quer só que ele não atrapalhe. Entra uma nova
locomotiva zero quilômetro, potente, que é o investidor privado. Basta
dar as sinalizações corretas.
Legislação
Existia obsessão por regular. Nada desserve tanto ao trabalhador hoje
quanto uma legislação trabalhista que beira as raias do absurdo. O
Brasil produz mais ações trabalhistas com 2% da população do que o
restante da humanidade. Isso é areia nas engrenagens da prosperidade.
Reforma trabalhista
As leis trabalhistas foram feitas na lógica da era industrial. Num
horário rígido das 7 da manhã às 5 da tarde, de segunda à sexta.
Varejo
Hoje, 75% dos empregos são gerados no varejo e em serviços. E a lei é
completamente danosa à realidade do setor. O serviço tem de ser prestado
quando o cliente quer. Tem picos de venda sábado e domingo.
Desemprego
Apesar de ser o maior empregador do Brasil, o varejo presta um serviço
muito aquém do seu potencial na absorção de empregos. O varejo chegou a
empregar 7 milhões de pessoas. Hoje está com 6,5 milhões. Os Estados
Unidos, que é apenas 50% maior do que o Brasil em população, gera 42
milhões de empregos. Isso é como se o varejo brasileiro pudesse gerar 30
milhões de empregos.
Fim de direitos
A única coisa que garante conquistas duradouras é a prosperidade. E o
maior inimigo da prosperidade é o manicômio trabalhista. Precisamos
prestigiar as convenções coletivas.
Resistência às propostas
O presidente Temer é ser uma pessoa tão habilidosa em construir
consensos que acaba ficando dependente de construí-los. E tem questões
nas quais não vai existir consenso. Precisa reunir a maioria.
Campeões nacionais
O que é necessário à prosperidade é preservar o bom funcionamento do
ecossistema das leis de mercado e deixar o bom e velho darwinismo
econômico atuar. Isso é a fórmula da prosperidade. Não a política de
campeões nacionais, que é uma grande deformação.
Lula em 2018
Lula é carta fora do baralho. Ele voltou a ser o Lula de verdade e se
torna inviável numa campanha majoritária. Ele era o Lula nas três
eleições que perdeu. Veio o Duda Mendonça e criou uma figura mitológica,
o Lulinha Paz e Amor. E começou a ganhar. Agora, estamos vendo quem é o
Lula. É essa pessoa rancorosa. A tática é a prática cruel de acirrar
conflitos. Onde acha qualquer fagulha de conflito, joga um balde de
gasolina. É o nós contra eles. Patrão contra empregado. Rico contra
pobre. O pressuposto é que, quanto mais esticadas estiverem as cordas,
mais fácil justificar a presença de um mediador que é o Estado. Essa é a
lógica da esquerda.
Entrevista a Marcelo de Moraes
COPIADO http://politica.estadao.com.br/blogs/
Nenhum comentário:
Postar um comentário