Enquanto parlamentares do PT criticam a ação dos agentes da PF, que prenderam o ex-ministro quando ele acompanhava a esposa no hospital, deputados e senadores que fazem oposição à sigla saudaram a medida
Prisão de Mantega repercute no Congresso
Enquanto parlamentares do PT criticam a ação dos agentes da PF, que prenderam o ex-ministro quando ele acompanhava a esposa no hospital, deputados e senadores que fazem oposição à sigla saudaram a medida| 22/09/2016 14:14
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Juiz Sérgio Moro revogou a prisão de Guido Mantega pouco depois da ação da PF
A bancada do PT no Senado emitiu nota dizendo que recebeu “com extrema indignação” a notícia sobre a prisão do ministro. “O repúdio a essa ação da Polícia Federal é ainda maior em razão das condições desumanas, arbitrárias e, mais uma vez, espetaculosas como foi realizada, sendo o ex-ministro preso por agentes do Estado em um hospital enquanto acompanhava a mulher numa intervenção cirúrgica a que se submeteria para tratamento de câncer”, diz a bancada. “O desrespeito às regras mais básicas da dignidade humana e do Estado democrático de Direito extrapola o limite das ‘tristes coincidências’ com que integrantes da força tarefa da Operação Lava Jato tentam escusar o odioso abuso de autoridade cometido na prisão do ex-ministro nesta quinta-feira (22), abuso este que se soma a um rol de outros já perpetrados pretensamente em nome da lei”, acrescenta. Por fim, os senadores prestam solidariedade a Mantega e sua esposa.
A bancada do PT na Câmara também repudiou a ação da PF, caracterizada como “espetáculo político de caráter seletivo”. “Infelizmente, a sociedade brasileira tem acompanhado a repetição de ações e medidas de exceção perpetradas por setores do Judiciário e do Ministério Público, configurando um regime de exceção inaceitável”. O líder, deputado Afonso Florence (PT-BA), reforçou que o objetivo da ação é influenciar nas eleições. “Lamentamos que instituições tão caras à democracia estejam sendo usadas por alguns de seus agentes para interferir na disputa política no Brasil”, concluiu.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que a prisão do ex-ministro Guido Mantega é “arbitrária, desumana e desnecessária”. O presidente do partido acrescentou que, em função da proximidade das eleições, a operação Arquivo X (como foi batizada a 34ª fase da força-tarefa) deveria se chamar “Operação Boca de Urna”. Rui Falcão também refutou as informações divulgadas de que o PT teria recebido verbas irregularmente. “O PT refuta as ilações apresentadas. Todas as operações financeiras do partido foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”, afirmou.
Ao comentar o fato, o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM) disse que “o cerco está se fechando”. “Aos poucos, toda a quadrilha de achacadores está sendo presa e a justiça está chegando cada vez mais perto dos chefes do esquema”, avalia o deputado. Pauderney destacou que o ex-ministro foi um dos responsáveis pelo atual cenário de crise econômica. “Mantega era o mestre da ‘contabilidade criativa’ que, de forma irresponsável, legou ao país a recessão que vivemos hoje”, ressaltou o deputado.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse que, com a prisão de Mantega, espera ver aberta “a caixa preta do BNDES”. “Espero que o BNDES entre na mira da Operação Lava Jato para que o verdadeiro duto de recursos públicos implantado na instituição seja investigado e que os culpados sejam punidos”. Para Bueno, a prisão do ex-ministro é um passo fundamental “no desmonte do esquema criminoso implementado pelo PT no governo”.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), ressaltou que a prisão de Mantega é um indício da proximidade das irregularidades em relação à ex-presidente Dilma. “Sempre foi senso comum em Brasília que Mantega apenas cumpria os mandos e desmandos que a presidente Dilma ditava para a política econômica”, disse o senador. “Faltava autonomia ao ministro para comandar sua própria pasta. Por que imaginar que sua participação do Petrolão seguiu critério diferente?”, questionou Caiado.
22/09/2016 14:14
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