Laura Carvalho: Bolsonaro é temer ao quadrado
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Excelente o artigo de Laura Carvalho, na Folha de hoje, mostrando
que, do ponto de vista econômico, Jair Bolsonaro – que deu, até agora,
procuração plenipotenciária a Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga”para falar
em seu nome – é não apenas a manutenção das linhas seguidas pelo
governo Michel Temer, mas seu aprofundamento.
O bobo da corte
Laura Carvalho, na Folha
“O mundo não
aprendeu as lições da crise financeira”, diz o título de uma reportagem
da revista britânica The Economist no mês do décimo aniversário da maior
crise global desde 1929.
Embora as instituições tenham se
mantido refratárias às mudanças necessárias para evitar uma nova crise,
tampouco se pode considerar que o pensamento econômico dominante ficou
parado.
A necessidade de se combater
desigualdades para garantir a estabilidade do sistema econômico, por
exemplo, ganhou centralidade no debate.
Já as ideias pautadas pelo extremismo
de mercado, como aquelas oriundas da velha escola de Chicago, saíram
como as principais derrotadas da última década.
Não foram raras as críticas de
economistas do Banco Mundial, do FMI e das mais renomadas universidades
do mundo ao modelo ultraliberal e suas consequências nefastas para a
distribuição de renda, a estabilidade econômica e a democracia.
No Brasil, as pesquisas de opinião
sugerem que a agenda econômica de Michel Temer é percebida pela imensa
maioria da população como voltada aos interesses de poucos em detrimento
do conjunto da sociedade.
A ampliação das desigualdades, o
desemprego e a degradação dos serviços públicos parecem estar
colaborando para uma descrença ainda maior no sistema político e
econômico em vigor.
A julgar pelas últimas eleições
presidenciais e pelo resultado de pesquisas mais recentes, a sociedade
brasileira ainda vê com muito bons olhos a presença do Estado na
provisão de serviços públicos universais e gratuitos de saúde e
educação; de um sistema de aposentadorias que atenda à massa de
trabalhadores que não conseguiria poupar o suficiente para viver com
dignidade na velhice; de uma rede de proteção social para os
vulneráveis, e até mesmo na exploração de setores estratégicos como
petróleo e energia elétrica.
Ou seja, a forte rejeição à corrupção não levou a população a defender uma agenda ultraliberal.
Nesse contexto, a transformação de
Jair Bolsonaro em um fantoche de um projeto baseado no extremismo de
mercado — hoje rejeitado pelos mais renomados proponentes do liberalismo
econômico mundial — pode ter aberto uma avenida para a sua derrota nas
urnas.
O superministro da economia em um
eventual governo Bolsonaro, Paulo Guedes, defende publicamente a “Ponte
para o Futuro” de Temer; a permanência de membros de sua equipe
econômica; o fim dos reajustes automáticos de salário mínimo; a
privatização de todas as empresas estatais; o abandono do sistema atual
de Previdência; a reforma trabalhista; a transferência dos melhores
alunos do sistema público de ensino para as escolas privadas, sepultando
de vez a qualidade da educação pública no país; e até mesmo o aumento
de impostos para a classe média.
Nessa toada, Bolsonaro pode enfrentar
grandes dificuldades para ir além do voto de uma elite econômica que
não usa serviços públicos e não viu sua situação piorar nos últimos
anos.
Em um debate com o economista Thomas
Piketty na USP, em 2014, Guedes ficou muito longe de convencer os
membros da mesa e da plateia de que a distribuição de renda no mundo não
piorou nas últimas décadas.
Tampouco obteve sucesso em suas tentativas de ser bem aceito nos círculos de prestígio da PUC do Rio nos anos 1980 e 1990.
É improvável que o economista de
Chicago consiga convencer mais de 50% do eleitorado a optar, em meio à
crise, por elevar a agenda econômica de Temer ao quadrado.
Felizmente, o povo não é tão bobo quanto o candidato de Guedes.
PS. Por um lamentável erro de digitação, grafei como “Maura” o nome
de Laura Carvalho e assim permaneceu por alguns minutos, até ser
corrigido. A ela e aos leitores, minhas desculpas.O castigo: Temer ajuda Skaf com vídeo: “desacelera, Dória”. Veja
Depois de bajular Michel Temer para conseguir ser o candidato tucano à Presidência e vendo-se ultrapassado pelo insípido Paulo Skaf (MDB) na preferência do eleitor paulista, oportunista João Doria Jr. resolveu virar o “anti-Temer”.O castigo: Temer ajuda Skaf com vídeo: “desacelera, Dória”. Veja
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Depois de bajular Michel Temer para conseguir ser o candidato tucano à Presidência e vendo-se ultrapassado pelo insípido Paulo Skaf (MDB) na preferência do eleitor paulista, oportunista João Doria Jr. resolveu virar o “anti-Temer” na propaganda eleitoral.
Levou uma traulitada da múmia do Planalto, que gravou um vídeo dizendo ao ex- prefeito que “Você tem usado a propaganda eleitoral, as inserções, para fazer críticas diretas ou indiretas ao meu governo. Ou seja, você está se desmentindo, porque, ao longo do tempo, você inúmeras vezes elogiou o meu governo”.
É uma das raras oportunidades em que Temer diz a verdade. Dória o bajulou mesmo.
Você pensa que os mortos não puxam para as profundezas? Assista só:
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